Notícias da Saúde em Portugal 296

Segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

DGS apela a hospitais para reforçarem medidas de controlo de infeções

saudeonline

A Direção-Geral da Saúde apelou aos hospitais para reforçarem as medidas de prevenção e controlo de infeções e fazerem rastreio na admissão de doentes perante o aumento de casos da bactéria multirresistente 'Klebsiella pneumoniae’ na Europa.

O Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) alertou na quarta-feira que a bactéria ‘Klebsiella pneumoniae ST23’ (hvKp) está a aumentar na Europa, tendo subido de 12 para 143 os casos reportados desde 2021. Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, a Direção-Geral da Saúde (DGS) afirmou que, à data deste alerta do ECDC, Portugal não tinha casos reportados.

Recomendou, contudo, que “pela emergência destas resistências a nível mundial”, devem ser reforçadas todas “as medidas de prevenção e de controlo, bem como reforçados os meios de diagnóstico e monitorização laboratorial”.

“Os gestores das unidades de saúde devem promover, de forma consistente e sólida, todas as medidas descritas nas Normas da DGS, nomeadamente higiene das mãos, precauções básicas em controlo de infeção (com especial enfoque para a descontaminação de superfícies e equipamentos), precauções baseadas nas vias de transmissão (contacto, fecal-oral)”, refere a DGS.

Aconselhou também a realização de rastreios na admissão dos doentes e durante o internamento a alocação de doentes suspeitos ou confirmados em quartos individuais. “Deve ser, igualmente, dada especial atenção aos doentes mais vulneráveis, especialmente aquando da transferência dos cuidados hospitalares para as unidades da Rede de cuidados continuados integrados”, salienta a DGS.

A autoridade de saúde destaca um aumento das estirpes de enterobacterales resistentes aos antibióticos em Portugal e sublinha que a taxa global de Klebsiella pneumoniae resistente aumentou de 2% para 11,6% entre 2012 e 2020.

Tal como todos os Estados Membros, Portugal adota as Recomendações do Centro de Controlo de Doenças Europeu, dando cumprimento a diretrizes europeias e do Conselho, com o objetivo de consolidar a rede de vigilância de infeções associadas aos cuidados de saúde, de consumo de antimicrobianos e de resistências a antimicrobianos. Neste contexto, adianta a DGS, “são monitorizados e reportados, numa base anual, os perfis de resistências em amostras invasivas, validados pelo Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA)”.

O ECDC manifestou preocupação com o aumento de quatro para 10 do número de países com casos registados de infeção com hvKp do tipo 23, bactéria hipervirulenta que tem adquirido cada vez mais variedade de genes associados à resistência aos antibióticos de último recurso utilizados para o tratamento de infeções graves.

O aumento de casos de hvKp multirresistente é “motivo de preocupação, devido à gravidade das infeções, combinada com a resistência aos antibióticos de última linha, o que torna as infeções difíceis de tratar”, afirmou Dominique Monnet, chefe da secção de Resistência Antimicrobiana e Infeções Relacionadas com os Cuidados de Saúde do ECDC, citada num comunicado do organismo europeu.

“Espera-se que a disseminação de hvKp multirresistente em ambientes de saúde resulte em aumento da mortalidade entre populações de pacientes vulneráveis nesses ambientes”

ECDC

O surgimento de casos da bactéria hipervirulenta combinada com a resistência a antibióticos de última linha é considerado preocupante pois, “em contraste com as estirpes ‘clássicas’ de ‘Klebsiella pneumoniae’, as estirpes hvKp podem causar infeções graves em indivíduos saudáveis, muitas vezes complicadas pela disseminação para vários locais do corpo”, segundo o ECDC.

É o fim da era do "chumbo" nos dentes. Proibição começa em 2025

Jornal de Notícias

Proposta que proíbe a utilização de amálgamas dentárias com mercúrio em todos os doentes tem início em janeiro de 2025. A medida pretende prevenir danos ambientais e problemas graves na saúde das pessoas.

É o adeus às amálgamas dentárias com mercúrio, conhecidas como “chumbos”, depois de uma proposta de proibição ter sido aprovada pela União Europeia (UE), no âmbito da luta contra a poluição do mercúrio. A legislação da UE quer reduzir a contaminação do metal pesado, terminando com o uso deste como material odontológico em todos os pacientes.

"felizmente Portugal adaptou-se muito bem e já há alguns anos que a utilização de amálgama é quase residual ou inexistente”.

Miguel Pavão - Bastonário da OMD

Desde 2018 que a amálgama dentária estava proibida de ser utilizada em crianças com menos de 15 anos e mulheres grávidas ou a amamentar. Agora deixa de estar disponível para todos. Segundo o Parlamento Europeu, 40 toneladas de mercúrio ainda são utilizadas anualmente na UE para a amálgama dentária.

“A medicina dentária sem mercúrio será a regra e não a exceção, passando a estar acessível para todos”, afirma a associação ambientalista Zero num comunicado, em que se congratula com esta medida.

A revisão do Regulamento Mercúrio foi feita em linha com os compromissos de Ambição de Poluição Zero da UE.

A medida está prevista vigorar a partir de 1 de janeiro, mas alguns países da UE podem adiar a eliminação até 30 de junho de 2026, enquanto ajustam o seu sistema de reembolso para cobrir alternativas, de forma a evitar repercussões negativas para os indivíduos com baixos rendimentos.

Adicionalmente a esta medida, foi tomada outra decisão na revisão do regulamento que determina o fim da exportação de lâmpadas com adição de mercúrio, já proibidas no espaço europeu.

Dormir menos de oito horas eleva risco de desenvolver depressão

sapo

Os pesquisadores descobriram que ter um sono inadequado de forma recorrente está associado à dificuldade em desviar a atenção de informação negativa. A falta de uma boa noite de sono também é responsável pela intrusão de pensamentos negativos no dia a dia das pessoas.

Um estudo levado a cabo pela Universidade de Binghamton e pela Universidade de Nova Iorque, EUA, chegou à conclusão que dormir menos de oito horas por noite eleva o risco de desenvolver depressão e experienciar estados de ansiedade.

Dormir menos do que o recomendado para revitalizar o corpo foi associado a pensamentos intrusivos e repetitivos como os que se verificam em estados de ansiedade ou de depressão, revela a pesquisa.

Os investigadores avaliaram o tempo e a duração do sono de indivíduos com pensamentos negativos repetitivos (por exemplo, preocupação e ruminação). Os participantes foram expostos a imagens diferentes para se aferir a sua resposta emocional, através dos seus movimentos oculares.

Os pesquisadores descobriram que as interrupções regulares do sono estão associadas à dificuldade em deslocar a atenção para longe da informação negativa. Isso pode significar que o sono inadequado é também responsável pela intrusão de pensamentos negativos no dia a dia das pessoas.

«Nós descobrimos que as pessoas têm tendência a manter pensamentos negativos presentes, e que o seu pensamento negativo dificulta a desengate dos estímulos negativos aos quais os expusemos. Enquanto outras pessoas podem receber informações negativas e seguir em frente, os participantes tiveram problemas em ignorá-la»

Meredith Coles, professora de psicologia e responsável pelo estudo.

Acredita-se que esses pensamentos negativos levem as pessoas a distúrbios psicológicos, como ansiedade ou depressão. «Nós percebemos que isto pode ser importante com o passar do tempo – esse pensamento negativo repetitivo é relevante para muitos distúrbios, como ansiedade, depressão e outros. Isto é algo que estamos a explorar: os problemas do sono e a maneira como eles afetam esses processos básicos que ajudam a ignorar esses pensamentos obsessivos negativos», conta a cientista.

A equipa também está a avaliar como o tempo e a duração do sono também podem contribuir para o desenvolvimento ou a manutenção de distúrbios psicológicos. Se as teorias estiverem corretas, esta pesquisa permitirá que os psicólogos tratem a ansiedade e a depressão interferindo na qualidade de sono dos pacientes, conclui-se no comunicado divulgado.

ULS Coimbra cria a primeira unidade funcional da doença inflamatória do intestino

saúdemais

A Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra vai criar a primeira Unidade Funcional de Doença Inflamatória Intestinal em Portugal, aproveitando sinergias hospitalares, foi hoje anunciado.

O objetivo é “intensificar a abordagem multidisciplinar, bem como facilitar o acesso hospitalar aos doentes recém-diagnosticados, mas também durante o seu seguimento, obviando a incerteza condicionada pelo diagnóstico de uma condição clínica de percurso, por vezes, imprevisível”, refere o diretor do Departamento de Cirurgia e Gastrenterologia, citado num comunicado.

Segundo Francisco Portela, responsável pela proposta de criação desta unidade funcional, a Doença Inflamatória Intestinal (Colite Ulcerosa e doença Crohn) tem registado em Portugal "um aumento considerável na incidência e prevalência, prevendo-se que no final da década estas se possam aproximar do referenciado para a generalidade dos países ocidentais (0,6 a 0,8% da população)".

“Avançar para uma unidade estruturada e centrada no tratamento destes doentes é a única forma de corresponder não só às recomendações internacionais, mas sobretudo aos anseios de cuidados de qualidade transmitidos pelos doentes, individualmente ou através das suas associações”, sublinha o especialista.

Salientando que a doença tem "um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, condicionando a sua vivência sociofamiliar e laboral”, o presidente do conselho de administração da ULS de Coimbra realça que está a ser feito um "esforço" para a criação daquela unidade, "numa lógica de melhoria contínua dos cuidados prestados e aproveitamento das sinergias".

"A obtenção dos melhores resultados no seu tratamento implica uma abordagem multidisciplinar, baseada na conjugação de esforços de diversas especialidades médicas, equipas de enfermagem dedicadas e outros profissionais de saúde", sustenta Alexandre Lourenço.

A Doença Inflamatória Intestinal consiste numa inflamação crónica progressiva e recorrente do tubo digestivo, que pode agravar-se com o tempo e provocar outras complicações (anemia, osteoporose, artrite, inflamação ocular, entre outras), pelo que deve ser rapidamente diagnosticada e tratada adequadamente.

A ULS de Coimbra estima que a patologia, cuja causa é desconhecida, afete mais de cinco milhões de pessoas em todo o mundo e cerca de 25 mil pessoas em Portugal.

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