Notícias da Saúde em Portugal 300

Sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Cientistas descobrem mecanismo da relação entre stress e cancro

JN

O stress crónico potencia o cancro ao fazer com que os neutrófilos (variedade de glóbulos brancos) formem estruturas pegajosas semelhantes a teias que tornam os tecidos do corpo mais suscetíveis à metástase, revela um estudo divulgado esta quinta-feira.

"A descoberta pode apontar para novas estratégias de tratamento que impeçam a propagação do cancro antes de este começar"

Comunicado do Laboratório Cold Spring Harbor (CSHL), Nova Iorque

"O stress é algo que realmente não podemos evitar num paciente com cancro. Se for diagnosticado, não consegue parar de pensar na doença, no seguro ou na família. Portanto, é muito importante entender como o stress funciona", refere, citado no comunicado, Xue-Yan He, um dos autores do estudo.

A equipa de investigadores, que inclui as especialistas Mikala Egeblad e Linda Van Aelst, chegou aos resultados imitando o stress crónico em ratos com cancro. Primeiro removeram tumores que cresciam nos seios dos ratos e espalhavam células cancerosas para os pulmões. Em seguida, expuseram os animais a stress. O resultado foi um "aumento assustador" de lesões metastáticas nos animais.

"Houve um aumento de até quatro vezes nas metástases"

Mikala Egeblad

A equipa descobriu que as hormonas do stress (glicocorticóides) atuavam sobre os neutrófilos. Esses neutrófilos "stressados" formaram estruturas semelhantes a teias de aranha que se formam quando os neutrófilos expelem DNA. "Normalmente, esse tipo de glóbulos brancos pode defender-nos contra micro organismos invasores. No entanto, no cancro criam um ambiente favorável às metástases", referem os autores do trabalho.

Os cientistas descobriram que o stress crónico causou modificações no tecido pulmonar, mesmo em ratinhos sem cancro. "É quase uma preparação do seu tecido para o cancro", explicou Egeblad. Para Van Aelst, a redução do stress deve ser uma componente do tratamento e prevenção do cancro.

A equipa também admite que futuros medicamentos que previnam a formação das teias dos neutrófilos possam beneficiar pacientes cujo cancro ainda não tenha metástases. Esses novos tratamentos poderão retardar ou impedir a propagação do cancro.

Estudo PaRIS | Apresentação dos resultados preliminares internacionais agregados

ACSS

No âmbito do Estudo PaRIS – Patient-Reported Indicator Surveys, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) publica o relatório “Healthcare Through Patients’ Eyes – The next generation of healthcare performance indicators”, que apresenta os resultados preliminares internacionais, agregados, do inquérito principal aplicado a utentes dos cuidados de saúde primários.

Desenvolvido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e coordenado pela Direção-Geral da Saúde, com o apoio da ACSS, dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e da Escola Nacional de Saúde Pública, o PaRIS é um estudo realizado a nível internacional que avalia os resultados e as experiências dos utentes com os serviços de saúde, tendo como objetivo futuro a comparação entre os diferentes sistemas de saúde.

O relatório em causa foi divulgado no âmbito da reunião de ministros da saúde da OCDE, que decorreu no passado dia 23 de janeiro, no qual se destacam os seguintes resultados preliminares:

  • As pessoas que avaliam a qualidade dos seus cuidados de saúde primários como elevada sentem-se mais saudáveis, mesmo quando vivem com múltiplas doenças crónicas;

  • As pessoas com uma relação de longa duração com o seu prestador de cuidados de saúde primários têm mais confiança neste profissional e beneficiam de melhores experiências de prestação de cuidados de saúde;

  • As boas experiências com os cuidados de saúde primários estão associadas a uma maior confiança no sistema de saúde em geral;

  • Para se garantir que as pessoas se sintam confiantes na gestão da sua própria saúde e bem-estar requer-se mais atenção;

  • A confiança nos prestadores de cuidados de saúde primários é elevada: mais de três em cada quatro pessoas confiam no seu prestador;

  • A partilha de dados de saúde melhora as experiências dos cuidados.

Em Portugal, o estudo decorreu entre agosto e novembro de 2023, e contou com a participação de 86 prestadores de cuidados de saúde primários e de cerca de dez mil utentes.

A OCDE prevê divulgar os resultados finais do estudo, de forma desagregada, no último trimestre de 2024, sendo igualmente apresentados os resultados relativos a Portugal.

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Dra. Ângela Marques | Vastiversus - Lisboa

Portugueses são os segundos piores da UE em literacia financeira

Jornal de Negócios

As percentagens mais altas foram verificadas na Finlândia (73%), Estónia (67%) e Dinamarca (66%) e as mais baixas na Roménia (36%), Portugal (42%) e Grécia (43%).

Portugal é o segundo país da União Europeia (UE) com pior classificação em literacia financeira, sobre questões como inflação e juros, revela um estudo hoje divulgado, no dia em que os ministros das Finanças europeus discutem como reduzir obstáculos.

No dia em que os ministros dos Assuntos Financeiros e Económicos da UE se reúnem na cidade belga de Gante, pela presidência rotativa do Conselho ocupada pela Bélgica, o grupo de reflexão Bruegel publica um estudo em que releva que, "em média, apenas uma em cada duas pessoas na UE tem conhecimentos financeiros".

Com uma média europeia - a 27 Estados-membros - de 52% de inquiridos que responderam corretamente a pelo menos três de cinco perguntas feitas, esta percentagem foi de 42% para os questionados em Portugal, numa avaliação que tem por base cinco questões sobre juros compostos, inflação, relação entre taxas de juro e preços das obrigações, risco e rendimento e diversificação dos riscos.

"Em resposta a um inquérito de 2023 que continha cinco perguntas de avaliação dos conhecimentos financeiros básicos, apenas metade dos inquiridos respondeu corretamente a pelo menos três das cinco perguntas, facto que representa um baixo nível de conhecimentos financeiros e um obstáculo para os indivíduos investirem nos mercados financeiros", acrescenta Bruegel, grupo dedicado a assuntos económicos.

Em causa está então um inquérito feito no ano passado pela Comissão Europeia e publicado no relatório, que indica que os portugueses inquiridos foram, só atrás dos romenos, os piores em conhecimentos financeiros.

As percentagens mais altas foram verificadas na Finlândia (73%), Estónia (67%) e Dinamarca (66%) e as mais baixas na Roménia (36%), Portugal (42%) e Grécia (43%).

A literacia financeira relaciona-se com o conhecimento e compreensão, mas também com a capacidade de promover a tomada de decisões financeiras.

De acordo com o Bruegel, "os países com maior proporção de pessoas com conhecimentos financeiros têm um maior número de pessoas que poupam e pedem empréstimos a uma instituição financeira, o que indica que os conhecimentos financeiros podem melhorar a inclusão financeira".

O grupo de reflexão alerta que "as pessoas com mais conhecimentos financeiros são menos frágeis financeiramente, na medida em que conseguem cobrir as suas despesas em caso de perda súbita de rendimentos e estão mais confiantes de que terão fundos suficientes para se sustentarem durante a reforma".

Neste caso em concreto, do inquérito, "as perguntas mais frequentemente respondidas corretamente pelos inquiridos mediam a compreensão da inflação e a relação entre risco e rendimento. Em contrapartida, apenas um em cada cinco inquiridos respondeu corretamente a uma pergunta sobre a relação entre as taxas de juro e os preços das obrigações", especifica o Bruegel.

No estudo pedido pela presidência belga do Conselho da UE, e ao qual a Lusa teve acesso, os investigadores do Bruegel Maria Demertzis, Mejino Lopez, Annamaria Lusardi e Luca Léry Moffat recomendam que todos os países da UE criem uma estratégia nacional de literacia financeira.

"É urgente pôr em prática estas estratégias [...] e ajudar a colmatar as lacunas de género e outras lacunas de conhecimento entre os grupos vulneráveis e garantir que a educação financeira comece cedo e nas escolas", adiantam.

Hoje à tarde, durante uma sessão de trabalho na reunião informal dos ministros das Finanças da UE, na qual participa o governante português da tutela Fernando Medina, os responsáveis vão debater a literacia financeira dos cidadãos da UE e como melhorar a participação dos pequenos investidores nos mercados financeiros.

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