Notícias da Saúde em Portugal 310

Sexta-feira, 8 de março de 2024

Fundação de Zuckerberg financia estudo liderado em Portugal pela Universidade de Coimbra

Sapo

O projeto de investigação está focado na doença anti-IgLON5, uma patologia autoimune rara, muito pouco estudada e com elevada taxa de mortalidade. Decorre entre junho de 2024 e dezembro de 2025.

Entender as alterações celulares e bioquímicas que ocorrem nos neurónios e que levam à acumulação de neurofibrilas (pequenas fibras que se acumulam no interior das células nervosas) provocando a morte neuronal, particularmente na doença anti-IgLON5, é o objetivo do projeto Unraveling anti-IgLON5 disease-associated tauopathy with neuroproteomics.

A investigação, que em Portugal é liderada pela Universidade de Coimbra, vai receber 90 mil euros de financiamento da Chan Zuckerberg Initiative.

O projeto que será desenvolvido entre junho de 2024 e dezembro de 2025, vai estudar mais concretamente a doença anti-IgLON5, uma patologia autoimune rara, muito pouco estudada e com elevada taxa de mortalidade”, revela Luís Ribeiro, investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra. O investigador explica que “nas fases iniciais, manifesta-se como uma doença do sono e do movimento, em que, ao nível celular, ocorre acumulação de neurofibrilas, que consistem em agregados proteicos no interior dos neurónios, que levam à sua degeneração”.

Com este estudo, adianta, “os cientistas esperam também perceber de forma mais geral como é que o cérebro é afetado em doenças caracterizadas por neuroinflamação, perturbações do sono e disfunção cognitiva”, acrescentando que “até agora não foi possível entender as alterações bioquímicas e celulares iniciais que levam à neurodegeneração em tauopatias (doenças neurodegenerativas, como as doenças Alzheimer, Parkinson e anti-IgLON5)”.

Para compreender melhor o processo destas alterações, a equipa vai criar “um modelo de doença em que vai usar autoanticorpos obtidos a partir de pacientes com a doença anti-IgLON5”, sublinha o também líder do projeto.

Luís Ribeiro esclarece que as pessoas portadoras desta patologia “desenvolvem autoanticorpos contra uma proteína da superfície neuronal – a IgLON5 –, que se julga levarem à formação de neurofibrilas neuronais e, consequentemente, à morte neuronal, mas, no entanto, o mecanismo não é conhecido. Estes autoanticorpos proporcionam-nos, portanto, a ferramenta ideal para estudar estes mecanismos”.

Além de entender estes mecanismos, esta investigação pode permitir identificar, de forma mais global, “princípios sobre a forma como o cérebro é afetado em geral por doenças caracterizadas por neuroinflamação, perturbações do sono, e disfunção cognitiva”, avança o investigador da UC. No caso particular das perturbações do sono, os pacientes com a doença anti-IgLON5 apresentam este tipo de problema de forma muito vincada e, como tal, “acredita-se que a proteína IgLON5 possa também ter um papel importante no controlo do sono”, refere o líder do projeto. Por isso, “identificar as proteínas que interagem com a IgLON5 vai permitir perceber as vias de sinalização que são controladas por esta proteína, que, por um lado, poderão regular o sono; e, por outro, poderão estar comprometidas nas tauopatias”, acrescenta.

A Chan Zuckerberg Initiative, nome dado à Fundação criada por Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, e sua mulher, Patricia Chan, apoia investigadores de diferentes universidades e as suas equipas para que, em conjunto, explorem abordagens inovadoras e interdisciplinares para enfrentar desafios críticos nos domínios das doenças neurodegenerativas e da neurociência fundamental. Neste projeto, a parceira da Universidade de Coimbra é a norte-americana Northwestern University, através da equipa liderada por Jeffrey Savas, que vai igualmente receber mais de 90 mil euros para conduzir a investigação.

Na Universidade de Coimbra, o projeto vai envolver também a investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular e docente do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Ana Luísa Carvalho, as investigadoras do mesmo centro, Beatriz Marques, Jeannette Schmidt e Maria Ester Coutinho, bem como a estudante de doutoramento Beatriz Ribeiro.

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Associação defende rastreio de doenças sexualmente transmissíveis em todos os centros de saúde  

Observador

Médica da associação defende universalização de alguns testes de diagnóstico, bem como a aposta na prevenção, nomeadamente através do reforço de educação sexual nas escolas.

A Associação para o Planeamento da Família (APF) defendeu esta quinta-feira que devia ser universalizado o rastreio das infeções sexualmente transmissíveis nos cuidados de saúde primários.

“Devia ser universalizado o acesso a alguns testes [de diagnóstico] que neste momento já acontece nalguns centros de saúde”

Mara Carvalho - membro da direção da APF

Os últimos relatórios epidemiológicos anuais do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), divulgados esta quarta-feira, revelam que as infeções sexualmente transmissíveis como gonorreia, clamídia e sífilis dispararam em Portugal, e na Europa, afetando sobretudo jovens dos 20 aos 24 anos.

Mara Carvalho disse ter “muitas dúvidas” sobre se os casos estão verdadeiramente a aumentar ou se esta subida se prende com a realização de mais testes de diagnóstico.

“Se vamos estudar mais, se vamos fazer mais testes, é natural que vamos detetar mais infeções“, sustentou.

Para a médica, também é preciso apostar na prevenção, o que tem a ver com a educação, melhorar o que já existe como, por exemplo, a educação sexual nas escolas.

“A escola é uma parceira fundamental (…) mas os adultos também precisam de formação e a colaboração com algumas ONG [organizações não-governamentais], como por exemplo a APF, também seria importante haver mais acesso a educação para a saúde sexual e reprodutiva no geral”, defendeu.

Infeções sexualmente transmissíveis disparam em Portugal

Diário de Notícias

A ECDC diz que o "aumento significativo" no número de casos de IST notificados em 2022, face ao ano anterior, sublinham a necessidade "urgente de medidas imediatas" para prevenir novas transmissões e mitigar o impacto das IST na saúde pública.

As infeções sexualmente transmissíveis como gonorreia, clamídia e sífilis dispararam em Portugal, e na Europa, afetando sobretudo jovens dos 20 aos 24 anos, revelam os últimos relatórios epidemiológicos anuais do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC).

Em Portugal, a notificação de casos de gonorreia aumentou de 1.252 em 2021 para 2.253 em 2022. Em 28 países da União Europeia/Espaço Económico Europeu (UE/EEE) registaram-se 70.881 casos confirmados de gonorreia em 2022, com uma taxa bruta de notificação de 17,9 casos por 100.000 habitantes, um aumento de 48% na taxa comparando com 2021 e de 59% com 2018.

O ano de 2022 marca o maior número de casos de gonorreia na UE/EEE na última década e desde o início da vigilância europeia de IST [infeções sexualmente transmissíveis] em 2009

ECDC

Nos relatórios divulgados esta quinta-feira, a maioria dos países (25/28) regista aumentos em 2022 na notificação de gonorreia, mas os países com crescimentos superiores a 50% foram Portugal, Espanha Bulgária, Chipre, Estónia, Finlândia, Irlanda, Itália, Letónia, Liechtenstein, Noruega e Polónia.

Também a notificação de casos de clamídia subiu em Portugal, de 914 casos em 2021 para 1.501 casos em 2022, e em 27 países da UE/EEE foram notificados 216.508 casos confirmados de infeção por clamídia em 2022, com uma taxa bruta de notificação de 88 casos por 100.000 habitantes, mais 16% do que a taxa de 2021.

A maioria destas notificações de clamídia refere-se a mulheres com idades entre os 20 e os 24 anos, apesar de, entre 2018 e 2022, o número de casos de clamídia notificados como transmissão entre homens que fazem sexo com homens (HSH) aumentar 72%.

Também a sífilis aumentou em Portugal, de 1.144 casos notificados em 2021 para 1.534 em 2022, tendo em 29 países da UE/EEE sido registados 35.391 casos confirmados de sífilis, dando uma taxa bruta de notificação de 8,5 casos por 100.000 habitantes.

O relatório da ECDC mostra a taxa mais elevada de casos de sífilis em Malta (24,4 casos por 100 000 habitantes), seguida pelo Luxemburgo (23,4), Irlanda (16,6), Espanha (16,6), Liechtenstein (15,3) e Portugal (14,8), e taxas de menos de três casos por 100.000 habitantes na Croácia, Estónia, Letónia, Roménia e Eslovénia.

A ECDC alerta ainda para aumentos dos casos de linfogranuloma venéreo (LGV), que em Portugal subiu de 55 casos em 2021 para 63 casos em 2022, e de sífilis congénita (causada pela transmissão da mãe para o feto), que em Portugal não aumentou e caiu de 15 casos em 2021 para 14 em 2022.

O "aumento significativo" do número de casos de IST notificados em 2022, face ao ano anterior, com os casos de gonorreia a aumentar 48%, os de sífilis 34% e os de clamídia 16%, sublinham a necessidade "urgente de medidas imediatas" para prevenir novas transmissões e mitigar o impacto das IST na saúde pública, diz a ECDC.

Na sua opinião, os dados revelam uma "necessidade premente" de maior sensibilização para a transmissão de IST e uma necessidade de melhorar a prevenção, o acesso a testes e o tratamento para enfrentar este desafio de saúde pública.

SPMS organiza 3.ª Reunião do CCSIS

SPMS

O balanço de um ano de trabalho foi o ponto de partida da intervenção da presidente do Conselho de Administração da SPMS, Sandra Cavaca, na sessão de abertura da 3.ª Reunião do CCSIS. O Conselho de Coordenação de Segurança da Informação da Saúde reuniu-se na Unidade Local de Saúde de Coimbra, esta quinta-feira, dia 7 de março.

Sandra Cavaca e Alexandre Lourenço

Criado pela SPMS em 2022, o CCSIS tem como objetivo principal disseminar boas práticas no âmbito da cibersegurança. Na reunião, Sandra Cavaca apresentou o ponto de situação sobre os trabalhos realizados ao longo de 2023, baseados no modelo de governação cooperativo e de risco partilhado.

A dirigente da SPMS salientou que, no futuro, será necessário ajustar as competências, quer do CCSIS, quer da Comissão Executiva de Segurança da Informação da Saúde (CESIS), perspetivando-se novas necessidades de coordenação e de governação nas áreas dos serviços digitais, utilização primária e secundárias dos dados em saúde e inteligência artificial.

A sessão de abertura contou, ainda, com as intervenções do presidente do Conselho de Administração da ULS Coimbra, Alexandre Lourenço, e do diretor-geral do Gabinete Nacional de Segurança, António Gameiro Marques.

Na ordem de trabalhos, entre os vários temas abordados, a apresentação das ações levadas a cabo pela SPMS, o plano de formação em Cibersegurança, a votação da lista para a CESIS e a proteção de dados marcaram a agenda. A constituição de grupos de trabalho específicos esteve a cargo do vogal executivo da SPMS, Luís Miguel Ferreira.

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