Notícias da Saúde em Portugal 363

Segunda-feira, 27 de maio de 2024

A tiroide pode ser a peça em falta no puzzle da saúde de milhares de portugueses

Notícias Saúde

Quando não estamos bem, quando há sintomas que persistem sem que se consiga perceber porquê, a nossa saúde mais parece um puzzle para o qual é preciso encontrar a peça em falta. E essa peça pode ser a tiroide. É que, confirma Paula Freitas, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), o mau funcionamento desta glândula pode traduzir-se “em sintomas e sinais muito inespecíficos”. E isso conduz a uma ausência de diagnóstico.

A Sociedade Americana da Tiroide estima que cerca de 60% das pessoas com distúrbios da tiroide não são diagnosticadas, o que significa que centenas de milhões de pessoas sofrem, em todo o mundo, sem saber a causa dos seus sintomas. Em Portugal, os dados da SPEDM e do Grupo de Estudos da Tiroide revelam que, dos 7,4% da população adulta afetada por estes distúrbios, “a disfunção tiroideia não diagnosticada pode abranger mais de 5%”.

Hipotiroidismo, a doença mais frequente da tiroide

De entre os distúrbios da tiroide mais frequentes, o destaque vai para o hipotiroidismo, “uma das doenças endocrinológicas mais comuns, que é mais prevalente em caucasianos e mulheres (5 a 8 vezes mais do que em homens)” e que se manifesta através de um conjunto de sintomas que se podem confundir com os de outras doenças.

“Podemos referir a intolerância ao frio, redução da sudorese, cansaço, letargia, sonolência, anorexia, mialgias ou dores musculares, dores articulares; depressão, perturbação mnésica ou alterações da memória, obstipação, visão turva, diminuição do número de ciclos menstruais anuais ou até ausência de fluxo menstrual, síndrome do túnel cárpico, perda capilar (no couro cabeludo, axilar, púbico)”, explica a Prof. Paula Freitas.

Pelo que, acrescenta, “obviamente é recomendado que em qualquer pessoa com sintomas compatíveis com doença tiroideia, mesmo que algo inespecíficos, seja efetuada uma avaliação laboratorial”. Ou seja, a consulta a um médico é essencial na presença destes e de outros sintomas, que podem traduzir a existência de hipotiroidismo, hipertiroidismo, nódulos na tiroide ou qualquer outra disfunção nesta glândula, para que possa ter início o tratamento.

Até porque, refere a especialista, “o não diagnóstico significa que as pessoas com a doença e com critérios para tratamento não estão a ser tratadas. A disfunção tiroideia pode ter impacto em todos os órgãos e sistemas do organismo, e o não tratamento tem obviamente impacto na ‘quantidade’ e qualidade de vida. Dado que cerca de 4 a 6,5% dos nódulos da tiroide podem ser malignos, o não tratamento também poderá impactar na quantidade e qualidade de vida das pessoas, sobretudo naqueles com tumores de maior risco”.

Linha SNS 24 já atendeu mais de 1 Milhão de chamadas em 2024

SPMS

O SNS 24 já atendeu perto de 1,2 milhões de chamadas este ano, quase o dobro do mesmo período do ano passado, em que foram atendidas mais de 615 mil chamadas.

Janeiro foi o mês com mais atendimentos, ultrapassando os 271 mil, seguido de março, com mais de 264 mil chamadas e abril registou mais de 257 mil atendimentos. Já neste mês de maio, até dia 23, foram atendidas mais de 200 mil chamadas.

Em média, o SNS 24 atendeu por dia cerca de 8.200 chamadas este ano. Através do contacto telefónico para o SNS 24, o Serviço de Triagem, Aconselhamento e Encaminhamento avalia e orienta os cidadãos perante um problema de saúde não emergente, por exemplo, tosse, febre, dor ligeira a moderada, náuseas, entre outros.

A triagem é feita de acordo com a situação clínica e o respetivo encaminhamento para o nível de cuidados adequado – autocuidados, cuidados de saúde primários, serviços de urgência, INEM ou Centro de Informação Antivenenos.

A SPMS tem promovido campanhas de comunicação e literacia em saúde que procuram sensibilizar os cidadãos para o uso adequado dos serviços de saúde, para que não recorram às urgências sem a referenciação prévia do SNS 24.

Países falham acordo global para lidar com futuras pandemias

Diário de notícias

As negociações sobre um histórico acordo global sobre como lidar com futuras pandemias chegaram esta sexta-feira ao fim sem a finalização de um acordo, embora os países tenham manifestado o desejo de continuar a pressionar por um entendimento futuro.

Assustados pela devastação causada pela Covid-19 – que matou milhões de pessoas, destruiu economias e paralisou os sistemas de saúde – os países passaram dois anos a tentar estabelecer compromissos vinculativos em matéria de prevenção, preparação e resposta a pandemias.

Isto é claramente uma pausa. A maioria dos Estados-membros quer continuar estas negociações e garantir os ganhos com um acordo.

Diplomata Asiático sob anonimato à Agence France-Presse (AFP)

Acesso e equidade

As principais disputas giravam em torno de questões de acesso e equidade: acesso a agentes patogénicos detetados nos países e a produtos de combate a pandemias, como vacinas, derivados desse conhecimento.

Outros temas delicados foram o financiamento sustentável, a vigilância de agentes patogénicos, as cadeias de abastecimento e a distribuição equitativa não só de testes, tratamentos e vacinas, mas também dos meios para os produzir.

"O melhor é ter um texto bom e inclusivo. Não importa se isso será agora ou mais tarde. Mas conseguimos chegar a um bom texto hoje? Não", disse à AFP um negociador africano envolvido nas conversações. “Queremos continuar o processo. Queremos muito este texto.”

Por sua vez, a negociadora dos EUA, Pamela Hamamoto, disse: "Estou feliz por termos o rascunho do texto para mostrar o trabalho que fizemos juntos."

O projeto de acordo não foi divulgado, mas uma versão de 32 páginas, tal como estava na quinta-feira, vista pela AFP, mostrava que grandes secções foram aprovadas, mas algumas outras não.

“Acho que eles apresentarão à assembleia o esqueleto do instrumento: há acordo sobre os princípios e a estrutura”, disse Jaume Vidal, conselheiro político sénior da Health Action International, para quem a assembleia anual da OMS poderá então dar instruções para que o processo prossiga no final do ano.

Ellen 't Hoen, advogada da ONG Lei e Política de Medicamentos, disse: "Talvez o objetivo de fazer isto em dois anos fosse um projeto demasiado ambicioso, seria o tratado da ONU mais rápido de sempre."

Papa Francisco convida a relançar o papel do Médico de Família

Ordem dos Médicos

O Papa Francisco recebeu no dia 25 de maio de 2024, no Vaticano, trezentos médicos de Medicina Geral e Familiar como parte da campanha “Obrigado, Doutor!”, uma iniciativa global lançada em novembro de 2023 que é promovida pela SOMOS Community Care e pela Federação Nacional das Ordens de Médicos Cirurgiões e Dentistas (FNOMCeO), em colaboração com a Academia Pontifícia para a Vida. A campanha tem como objetivo sublinhar a importância dos cuidados de saúde primários.

Do médico de família, presente e próximo, realçou “a dimensão comunitária do cuidado”, que exige a contextualização familiar e social. O trabalho do Médico de Família, especialmente quando se trata de pessoas idosas e frágeis, beneficia aqueles de quem cuida, os seus familiares e a comunidade em geral, defendeu o Sumo Pontífice explicando que o Médico de Família é “uma pessoa de ‘família’”, cuja presença fortalece as relações humanas, “fazendo do sofrimento um momento de comunhão a ser vivido em conjunto, não só para o bem do doente, mas para o bem de todos: dos que cuidam, dos familiares, da comunidade em geral”.

Recorrendo às suas memórias de infância, Francisco falou aos 300 médicos das “lembranças de ternura, de convivência com o médico de família”, recordando esse profissional que tanto visitava a sua família e tratava uma gripe, como acompanhava a gravidez da sua mãe. “Queridos amigos, o que vocês fazem é importante. Renovo a minha bênção sobre o vosso projeto e rezo por vós. E peço, por favor, que não se esqueçam de orar por mim. Obrigado!”, concluiu.

A campanha “Obrigado, doutor!” tem o apoio da União Europeia de Clínicos Gerais e Médicos de Família (UEMO), da Federação de Médicos Católicos do Mundo, do Conselho Mundial de Saúde e do Journal of Research & Applied Medicine, da Federação Nacional das Ordens dos Médicos Cirurgiões e Dentistas e já foi subscrita por mais de um milhão de pessoas de todo o mundo. As instituições aqui referidas assinaram uma Declaração para a redescoberta do Médico de Família, na qual todos os atores sociais e políticos são convidados a unir forças e a colocar a relação Médico-Doente novamente no centro dos sistemas de saúde, relançando o papel destes especialistas.

Neste encontro privado com o Sumo Pontífice estiveram presentes todos os médicos portugueses que compõem a direção da UEMO – Tiago Villanueva (Presidente), Pedro Fonte (tesoureiro) e Catarina Matias (Secretária Geral).

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