Notícias da Saúde em Portugal 369

Quarta-feira, 05 de junho de 2024

Ciência escreve-se no feminino para resolver enigmas da saúde humana

Diário de Notícias

De uma possível solução para a doença de Parkinson a um diagnóstico simples para a apneia do sono, os projetos de quatro investigadoras portuguesas na área biomédica foram distinguidas pelas Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência. Em 20 anos da iniciativa foram já premiadas 69 profissionais.

Até que ponto a apneia do sono acelera o envelhecimento?

O projeto de Laetitia Gaspar visa conseguir diagnosticar a apneia do sono através de uma análise ao sangue. A doença não está diagnosticada em quase 90% dos casos, mas está associada a risco cardiovascular e diabetes e aumenta na menopausa.

Fazer uma espécie de radiografia integral à apneia do sono é o que propõe a investigadora Laetitia Gaspar. Para quê? Confirmar se a apneia do sono acelera o envelhecimento - já que se julga estar associada a doenças graves - e encontrar meios rápidos de diagnóstico e de tratamento. A investigadora de 31 anos viu o seu projeto, no âmbito do Centro de Neurociências e Biologia da Universidade de Coimbra, distinguido pelos Prémios L’Orèal, que destaca mulheres na ciência.

Laetitia Gaspar, Investigadora

Um só gene pode fazer a diferença na Doença de Parkinson

E se a solução para a doença de Parkinson estiver num só gene sobre o qual possamos intervir e, assim, melhorar a qualidade de vida dos que sofrem desta patologia neurodegenerativa? É a proposta da investigadora Cláudia Deus.

Queremos testar as vesículas extracelulares como um novo “meio de transporte e entrega” para entregar o mRNA sintético codificando para o gene Nrf2 em células. “Se este sistema de entrega inovador for bem-sucedido poderá alterar a progressão da doença de Parkinson”. Em paralelo, Cláudia propõe-se investigar os efeitos deste sistema na disfunção metabólica e mitocondrial associada a esta doença, usando células isoladas da pele dos próprios doentes de Parkinson e, pela primeira vez, em neurónios dopaminérgicos gerados a partir das células desses mesmos doentes.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prevalência da doença de Parkinson duplicou globalmente nos últimos 25 anos, afetando mais de 8,5 milhões de indivíduos. Em Portugal serão perto de 20 mil pessoas a padecer de uma doença sem cura nem meios de diagnóstico precoce.

Cláudia Deus, Investigadora

Nesta notícia poderá ainda ler sobre:

  • Perceber como os parasitas atuam em animais e humanos.

  • Como os epitélios podem continuar a ser barreiras protetoras.

Realizado em Portugal procedimento inédito para acesso minimamente invasivo para hemodiálise

Notícias Saúde

A equipa de nefrologia de intervenção do Hospital Garcia de Orta (HGO), da Unidade Local de Saúde Almada-Seixal (ULSAS), realizou um procedimento inédito em Portugal, que permite criar mais uma opção de acesso vascular para hemodiálise, poupando território vascular aos doentes e de uma forma menos invasiva.

“Além da inovação tecnológica, este processo tem a mais-valia de poder ser o 2.º acesso do doente na escala de acessos vasculares. Com esta técnica cria-se uma nova opção e menos invasiva. Estamos a poupar vasos ao doente, o que é muito positivo.”

Carlos Oliveira, membro da equipa de nefrologia de intervenção da ULSAS

Em causa está um procedimento endovascular realizado sem cirurgia, em que é introduzido um cateter numa artéria e outro numa veia do antebraço do doente e, através de um dispositivo de radiofrequência, que funciona como um bisturi elétrico, é feita uma fístula, juntando uma artéria e uma veia, através dos dois cateteres.

Investigadores potenciam descoberta de novas terapias para doenças autoimunes

Canal S+

Investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) desvendaram o que falha na produção de linfócitos T durante o envelhecimento e desencadeia o desenvolvimento de doenças autoimunes, potenciando a descoberta de novas terapias.

Publicado na revista científica Cell Death and Disease, o estudo demonstra “o que falha na produção de linfócitos T à medida que envelhecemos e que desencadeia o desenvolvimento de doenças autoimunes”, revela hoje, em comunicado, o instituto da Universidade do Porto.

As doenças autoimunes são patologias debilitantes em que o sistema imunitário, nomeadamente, os linfócitos T afetam os próprios tecidos, como a doença de Crohn ou o Lúpus. Produzidos no timo, os linfócitos T são uma das principais células de defesa do organismo e por isso considerados uma das principais "frentes de combate" a infeções ou ao cancro.

Citado no comunicado, o investigador Nuno Alves esclarece que o estudo mostra que são outras células residentes no timo, designadas células epiteliais tímicas, responsáveis por educar os linfócitos T durante o seu desenvolvimento, de forma a manter apenas os que respondem ao que é estranho no organismo e eliminar os autorreativos.

Os resultados do estudo demonstram ainda que o gene Foxo3, conhecido como o gene da longevidade, é essencial para prevenir que estas células garantem uma resposta imunitária eficaz contra infeções ou o cancro, “ao mesmo tempo que mantém a tolerância imunológica aos próprios tecidos e previnem a autoimunidade”.

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