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Tecnologia desenvolvida em Aveiro deteta doenças inflamatórias pela saliva

Canal S+

Uma equipa de investigação da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu uma tecnologia para a deteção de doenças inflamatórias, pela quantificação da proteína C-reativa (CRP) em saliva, revelou ontem aquela instituição.

A tecnologia inovadora recorre à técnica de dispersão dinâmica de luz e a nanopartículas magnéticas e tem aplicação potencial em contexto clínico para a deteção e quantificação da proteína C-reativa tendo em vista o diagnóstico de doenças, em particular doenças inflamatórias.

A invenção feita na Universidade de Aveiro propõe um método de deteção “menos dispendioso que a técnica de ELISA e com limite de deteção melhorado, quando comparado com as técnicas convencionais”.

“As principais vantagens desta invenção são o facto de não necessitar de usar ligandos específicos e caros, como anticorpos habitualmente usados como elemento de reconhecimento”, afirma a equipa que criou o novo método, em que, adicionalmente, “a testagem é feita com um fluído biológico de recolha não invasiva, a saliva”.

A patente agora concedida a nível nacional resulta do trabalho desenvolvido no âmbito da tese de doutoramento de Maria António, realizada no Programa Doutoral em Nanociências e Nanotecnologia da Universidade de Aveiro.

Diabetes atinge o valor mais alto de sempre com 14,2% da população portuguesa

Jornal de Notícias

Os dados do Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes - "Diabetes: Factos e Números", elaborado pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) e divulgado ontem, mostram uma tendência crescente da doença no país e alertam para a persistência de elevados níveis de subdiagnóstico, atribuídos, em parte, à falta de integração dos dados provenientes do setor privado.

Apesar dos progressos observados em alguns indicadores, o relatório destaca a estagnação no número de amputações relacionadas com a diabetes, que se mantém estável há uma década - com as amputações "major" a representarem uma proporção idêntica às "minor" -, um dado considerado "preocupante".

Os dados indicam ainda que, em 2024, o custo direto da diabetes em Portugal foi estimado entre 1500 e 1800 milhões de euros, o que equivale a 0,5-0,6% do PIB nacional e entre 5% a 6% da despesa total em saúde.

"Este relatório confirma que estamos perante uma epidemia que continua a crescer em Portugal. O aumento constante da prevalência da diabetes exige medidas mais eficazes de prevenção, diagnóstico precoce e articulação entre os níveis de cuidados"

Rita Nortadas, Presidente do Observatório Nacional da Diabetes

O relatório revela ainda tendências positivas que refletem melhorias no acompanhamento e controlo da doença: registou-se uma redução de 39% nos anos potenciais de vida perdidos por diabetes ao longo da última década, um ligeiro decréscimo da doença nas causas de morte, bem como uma diminuição significativa dos internamentos hospitalares em que a diabetes surge como diagnóstico principal ou associado.

Mais de 90% dos internamentos ocorrem na população adulta e 85,3% das pessoas com diabetes tiveram pelo menos uma consulta registada no Serviço Nacional de Saúde (SNS) em 2024, números que demonstram a recuperação da atividade assistencial nos Cuidados de Saúde Primários.

"A ausência de dados mais detalhados - por tipo de diabetes, por setor e por região - continua a ser um obstáculo à formulação de políticas de saúde eficazes", considera Rita Nortadas, que defende ser fundamental "avançar para sistemas de informação integrados que permitam decisões baseadas em evidência".

"A diabetes representa até 0,6% do PIB nacional. Investir na prevenção e na gestão da doença é investir na sustentabilidade do sistema de saúde e na qualidade de vida das pessoas", conclui Rita Nortadas.

Novas descobertas abrem caminho a uma vacina contra as infeções de ouvido

Notícias Saúde

Todos os anos, cerca de 700 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de infeção de ouvido, muitas delas crianças.

Um quarto destes casos é causado pela bactéria Haemophilus influenzae (Hi) que, apesar do nome, é uma bactéria que nada tem a ver com a gripe, uma vez que esta é provocada por um vírus. Um tipo comum de infeção que pode ter os dias contados, assim o desconforto que causa.

“As infeções do ouvido são o motivo mais comum para a prescrição de antibióticos a crianças pequenas. O problema é que o uso frequente de antibióticos está a resultar em resistência, ou seja, um ou mais tipos de antibióticos deixam de matar a bactéria”

Jukka Corander, professor do Instituto de Ciências Médicas Básicas da Universidade de Oslo

Jukka Corander e os seus colegas estão, por isso, muito interessados ​​em encontrar formas de evitar o uso de antibióticos. Um passo fundamental seria desenvolver uma vacina universal para combater a bactéria Haemophilus. Mas, primeiro, Corander e a sua equipa de investigadores tiveram de realizar um estudo sobre um possível grande obstáculo que dificulta o desenvolvimento de uma vacina deste tipo.

“Se descobríssemos muitas variantes diferentes da bactéria, de região para região do mundo, seria mais difícil criar uma vacina universalmente eficaz para utilização contra todos os tipos de infeções de ouvido por ela causadas”, afirma. É que as vacinas são mais fáceis de desenvolver quando uma bactéria não varia de região para região.

A investigadora Anna Kaarina Pöntinen, a primeira autora do artigo, revela que conseguiram mapear até as mais pequenas variações no material genético da espécie utilizando a moderna tecnologia de sequenciação de ADN. Compararam, depois, estas amostras com milhares de amostras de diferentes partes do mundo e as notícias são boas:

“O nosso estudo mostra que, ao contrário de outras bactérias que são as principais causas de infeções respiratórias, não existe uma variação genética significativa no Haemophilus influenzae de região para região. Isto é uma boa notícia, pois se existissem muitas variantes diferentes, seria muito mais difícil desenvolver uma vacina. As nossas descobertas corroboram a nossa hipótese inicial: que podemos desenvolver uma vacina universal para proteger contra todos os tipos de infeções causadas pelo Haemophilus”, afirma.

A bactéria Haemophilus pode ainda causar pneumonia – foi a terceira causa mais comum de morte entre crianças pequenas em países de baixo rendimento, como revelou um amplo estudo publicado em 2024 – sinusite, conjuntivite e meningite.

A razão pela qual os investigadores, neste caso, se estão a concentrar nas infeções de ouvido deve-se à sua elevada taxa de incidência, o que, por sua vez, impõe mais pressão seletiva sobre as bactérias e geralmente leva a uma crescente resistência aos antibióticos.

Anna Kaarina Pöntinen alerta que, se não pararmos o uso excessivo de antibióticos, corremos o risco de não termos forma de tratar as pessoas quando adoecem e, no futuro, as pessoas poderão morrer de doenças que hoje são curáveis.

Antibiótico comum pode reduzir riscos de esquizofrenia, indica estudo

Euronews

Um antibiótico comum pode ajudar a reduzir o risco de alguns jovens desenvolverem esquizofrenia, sugere um novo estudo.

Adolescentes em tratamento de saúde mental a quem foi prescrita a doxiciclina tinham uma probabilidade 30% a 35% inferior de desenvolver esquizofrenia na idade adulta, face a adolescentes tratados com outros antibióticos, de acordo com o estudo, publicado no American Journal of Psychiatry.

A equipa de investigação descreveu os resultados como "preliminares, mas animadores"

A esquizofrenia afeta aproximadamente 23 milhões de pessoas em todo o mundo. Provoca psicose marcada por crenças delirantes, alucinações, pensamento desorganizado e outros problemas cognitivos, que podem ser incapacitantes. A perturbação mental surge geralmente no início da idade adulta e, embora possa ser controlada com medicação, não tem cura.

O estudo incluiu mais de 56 mil adolescentes na Finlândia, incluindo mais de 16 mil a quem foi prescrita doxiciclina, habitualmente usada para tratar infeções e acne.

Não foi um ensaio aleatorizado, pelo que não é possível provar que a doxiciclina previne de facto a esquizofrenia. Mas os investigadores acreditam que o fármaco pode ajudar ao reduzir a inflamação no cérebro e ao influenciar a poda sináptica, quando o cérebro elimina neurónios e sinapses de que não necessita. Uma poda sináptica anómala tem sido associada à esquizofrenia.

As conclusões são "um sinal importante para investigar mais aprofundadamente o efeito protetor da doxiciclina e de outros tratamentos anti-inflamatórios em doentes adolescentes em psiquiatria", afirmou em comunicado Ian Kelleher, autor principal do estudo e professor de psiquiatria da infância e adolescência na Universidade de Edimburgo

Já Katharina Schmack, médica e investigadora de psicose no Francis Crick Institute, no Reino Unido, disse que, embora as conclusões do estudo sejam estatisticamente significativas, "os números absolutos são modestos" no que respeita à redução do risco de esquizofrenia.

Schmack disse que as conclusões devem servir de base a mais investigação sobre o desenvolvimento cerebral, a inflamação e outros processos biológicos que podem influenciar o risco de esquizofrenia.

"Descobrir associações clínicas em estudos como este é importante porque pode orientar investigações biológicas futuras", afirmou

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