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Notícias da Saúde em Portugal 711
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Eis como a microbiota intestinal das crianças pequenas pode afetar a sua saúde mental na infância
Euronews
Os bebés de dois anos de idade com mais bactérias intestinais dos grupos Clostridiales e Lachnospiraceae eram mais suscetíveis de sofrer de depressão, ansiedade e outros sintomas ditos "internalizantes" cinco anos mais tarde, segundo o estudo, publicado na revista Nature Communications.
Os investigadores acreditam que a ligação pode ser explicada pelo eixo cérebro-intestino, ou seja, as ligações bidirecionais entre o cérebro e o intestino que influenciam o humor, o stress, a cognição e uma série de outras funções.
Bridget Callaghan, autora sénior do estudo e professora associada de Psicologia na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, afirmou que os resultados sugerem que as bactérias intestinais precoces podem ajudar a programar os circuitos cerebrais que estão ligados à saúde mental e emocional na infância.

Estas são as mais recentes descobertas a esclarecer a forma como a saúde intestinal afeta o bem-estar geral. O microbioma intestinal - o ecossistema de bactérias e outros organismos minúsculos que vivem no aparelho digestivo - tem sido associado ao cancro, insónia, doenças cardíacas, diabetes tipo 2, parto prematuro e outros problemas de saúde, embora os cientistas ainda não saibam exatamente a razão na maioria dos casos.
O último estudo englobou 55 crianças em Singapura. Os investigadores recolheram indicadores de saúde aos dois, seis e 7,5 anos de idade, incluindo amostras de fezes, exames cerebrais e inquéritos aos cuidadores sobre problemas de comportamento.
Os investigadores relacionaram os padrões cerebrais aos seis anos de idade com os sintomas "internalizantes" - sinais de sofrimento emocional como, por exemplo, ansiedade, depressão e retraimento social - aos 7,5 anos de idade e, em seguida, analisaram os perfis do microbioma intestinal aos dois anos de idade.
Foi assim que identificaram os grupos de bactérias Clostridiales e Lachnospiraceae na primeira infância como potencialmente relacionados à ansiedade e depressão numa fase posterior.
Os resultados estão de acordo com investigações anteriores que demonstram que as bactérias destes grupos estão associadas a sintomas de depressão em adultos.
Legionella: número de casos em Portugal no ano passado foi o mais alto da última década
Expresso
O número de casos de doença dos legionários em Portugal atingiu, em 2024, o valor mais elevado da última década.
Foram 489 situações notificadas, segundo dados divulgados pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (Ersar) e citados hoje pelo "Jornal de Notícias". É um número que só encontra paralelo em 2014 — o ano do grave surto em Vila Franca de Xira, que provocou 12 mortos e mais de 400 infetados.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) justifica a tendência crescente com o “aumento do alerta clínico” e a “melhoria na adesão à notificação” por parte das unidades de saúde. Mas entre os especialistas ouvidos pelo JN há quem veja sinais de falhas na prevenção e no controlo dos sistemas de água, sobretudo em edifícios públicos e hospitalares.

Entre 21 de setembro e 21 de outubro de 2025 a DGS registou 36 novos casos, um ritmo que mantém a curva ascendente observada desde o verão.
O calor prolongado, as flutuações de temperatura e a falta de manutenção de redes hídricas são fatores que, segundo médicos de saúde pública, favorecem a proliferação da bactéria Legionella pneumophila, presente em sistemas de arrefecimento, torres de refrigeração, spas ou fontes ornamentais.
A legionella transmite-se pela inalação de pequenas gotículas de água contaminada (aerossóis) e pode provocar pneumonia grave, sobretudo em pessoas idosas ou com doenças crónicas. Desde 2018 está em vigor legislação que obriga à monitorização e limpeza periódica dos sistemas de água, mas as associações do setor alertam para atrasos na aplicação da lei e na fiscalização das instalações de risco.
Em 2024, Portugal voltou a ter níveis de notificação semelhantes aos do período anterior à pandemia, quando o confinamento e o encerramento de edifícios públicos reduziram o número de exposições.
O relatório da Ersar sublinha que a vigilância deve ser reforçada, sobretudo em zonas urbanas densas e em equipamentos de grande consumo de água.
Investigadores portugueses testam forma de bloquear o vírus da gripe A antes da infeção
Jornal de Notícias
Investigadores portugueses estão a testar a forma de bloquear o vírus da gripe A antes de provocar a infeção, o que pode abrir caminho a novos antivirais para vários vírus contra os quais ainda não existem vacinas.
"Se a metodologia que estamos a desenvolver funcionar para o vírus da gripe, é possível que funcione também para outros vírus", adiantou Maria João Amorim, investigadora e vice-diretora do Centro de Investigação Biomédica da Faculdade de Medicina da Universidade Católica Portuguesa.
A vice-diretora do centro, que lidera a equipa que trabalha nesse projeto, adiantou à agência Lusa que a investigação pode vir ser útil para diversas doenças infecciosas para as quais ainda não há vacinas disponíveis, sendo o tratamento feito com antivirais, como o VIH, o Zika e Herpes simplex e vírus hemorrágicos como o Nipah, o Marburg ou o Lassa.
Segundo a docente da Faculdade de Medicina da Universidade Católica, o genoma do vírus da gripe, ao contrário do SARS-CoV-2, por exemplo, está dividido em oito partes diferentes.

Os investigadores constataram que esses compartimentos têm propriedades semelhantes às dos líquidos, o que permite que as moléculas se movam livremente e, desta forma, cada parte do genoma possa encontrar os seus outros sete interatores, um processo essencial para que o vírus se torne infeccioso.
A partir desta descoberta, os investigadores concluíram que dissolver ou endurecer estes condensados pode impedir a replicação viral.
Na prática, trata-se de "bloquear a capacidade do vírus de criar o genoma porque endurecemos estas estruturas, tiramos-lhe o dinamismo. E a partir daí deixa de haver infeção pelo vírus da gripe", salientou.
De acordo com Maria João Amorim, esta descoberta permitirá tratar as pessoas doentes e, desta forma, "permite que elas não infetem a próxima pessoa com tanta eficiência ou pelo menos tantas pessoas".
Estas abordagens inovadoras procuram ultrapassar as limitações dos antivirais atuais, como a resistência e o espetro de ação reduzido, com o objetivo de identificar novos alvos virais que permitam desenvolver terapias eficazes contra vários vírus respiratórios, reforçou Maria João Amorim.
Mortes durante a gravidez e o parto diminuíram drasticamente a nível mundial: o que explica a queda?
Euronews
À escala mundial, as mortes maternas – óbitos relacionados com a gravidez, o parto ou até seis semanas após o parto – são principalmente causadas por hemorragia pós-parto, problemas de saúde decorrentes de hipertensão, sépsis, obstruções nos vasos sanguíneos, complicações na sequência de aborto ou trabalho de parto obstruído, que ocorre quando o feto é fisicamente incapaz de passar pelo canal de parto.
Mas a mortalidade materna caiu 41% entre 2000 e 2023, de cerca de 443 mil para 260 mil.
Investigadores da Organização Mundial de Saúde (OMS) e de universidades de referência analisaram dados de 195 países e territórios para identificar o que esteve na origem dessa redução.
Concluíram, de seguida, que 61,2% da redução pode ser explicada por melhorias nos cuidados maternos, como partos assistidos por profissionais de saúde qualificados e melhor apoio pós-parto.

Outros 38,8% foram atribuídos à "redução da fertilidade", incluindo o uso de contracetivos e abortos mais seguros.
Segundo o estudo, publicado na revista The Lancet Global Health, só o uso de contracetivos evitou cerca de 77.400 mortes maternas em 2023. Isso representa cerca de uma em cada quatro mortes maternas evitadas naquele ano.
Os investigadores afirmaram que as conclusões sublinham a importância da contraceção no estado de saúde das mulheres. O controlo da natalidade ajuda as mulheres a planear e espaçar as suas gravidezes, prevenindo complicações e ajudando a reduzir o número de abortos inseguros.
No entanto, os investigadores alertaram que os esforços para restringir o acesso ao aborto e os recentes cortes no financiamento global da saúde, particularmente o desmantelamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), podem comprometer os esforços para prevenir mortes adicionais relacionadas com a gravidez.
Apelaram, além disso, a uma melhor integração dos programas de planeamento familiar nos cuidados de saúde materna.

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