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Notícias da Saúde em Portugal 713
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A gelatina faz bem aos ossos?
SIC Notícias
A gelatina comum contém um composto chamado colagénio hidrolisado.
Este composto, além de existir na gelatina, pode ser isolado e tomado em comprimidos. Nesta forma, isolado em comprimidos, há alguns estudos que parecem mostrar que pode ajudar a ter menos dor nas articulações. Há, no entanto, três problemas que não nos permitem dizer com certeza que a gelatina faz bem às articulações:
1. A quantidade deste composto, colagénio hidrolisado, presente na gelatina comum, que comemos habitualmente como sobremesa, é muito baixa. Para consumirmos a mesma dose que existe nos comprimidos teríamos de consumir 4 a 5 taças de gelatina por dia!
2. Mesmo que consumíssemos as tais 4 a 5 taças, a qualidade do colagénio na gelatina alimentar não é a mesma da que existe nos comprimidos e foi estudada.
3. Mesmo para os comprimidos com altas doses deste composto na sua forma mais pura, os estudos ainda não são conclusivos - o benefício parece ser pequeno e não se sabe bem quais as melhores doses a utilizar.
Há, porém, outros cuidados, esses sim cientificamente comprovados para melhorar a saúde das articulações. Destes, aqueles que são mais importantes segundo a ciência são o exercício físico e a perda de peso.

Isto pode parecer um contrassenso: se a articulação está a ficar gasta não seria melhor utilizá-la o menos possível? Na verdade, não.
As nossas articulações estão cobertas por cartilagem, e esta atua como uma esponja. Quando fazemos força sobre ela, ela vai absorvendo e libertando o líquido que a rodeia, e esta é a forma de ir absorvendo nutrientes - ou seja, de se ir alimentando - e de se manter saudável.
Em segundo lugar, perda de peso. Para isto contribui não só o exercício físico mas também uma alimentação saudável. Está estimado que uma perda de peso de 5 a 10% do peso corporal já ajuda na melhoria da dor dos ossos e articulações.
Outros cuidados importantes são aqueles que recomendamos sempre para um estilo de vida saudável: uma boa alimentação, privilegiando a dieta mediterrânica, abstenção do consumo de álcool e tabaco, bom repouso e sono adequado.
A gelatina é um bom alimento, com grandes quantidades de proteína e baixa em calorias. Embora não tenha um efeito especificamente benéfico na saúde das articulações, pode ser incluída numa alimentação saudável e assim ser mais uma peça que ajuda na saúde dos ossos e articulações.
Escondido à vista de todos: novo antibiótico descoberto por acaso é cem vezes mais potente que o original
SIC Notícias
Uma equipa internacional de investigadores descobriu um novo antibiótico com uma potência antimicrobiana cem vezes superior à de um antibiótico conhecido desde 1965. A descoberta, feita por acaso, pode abrir caminho a novos medicamentos contra infeções bacterianas resistentes a antibióticos.
Num novo estudo publicado no Journal of the American Chemical Society, investigadores da Monash Warwick Alliance Combatting Emerging Superbug Threats Initiative revelam como descobriram um novo antibiótico promissor: a lactona da pré-meticilina C - que estava “escondido à vista de todos”.
Ao estudar o processo pelo qual uma bactéria do solo - Streptomyces coelicolor - produz naturalmente um medicamento conhecido há quase 60 anos - a meticilina A -, os cientistas descobriram um poderoso antibiótico que pode ajudar a combater infeções resistentes a medicamentos.
Enquanto analisavam o processo passo a passo, a equipa encontrou um composto intermédio – a lactona de pré-meticilina C – com atividade antimicrobiana cem vezes superior à da molécula final.
Doses mínimas foram suficientes para eliminar estirpes resistentes de Staphylococcus aureus e Enterococcus faecium, responsáveis por infeções cutâneas, sanguíneas e urinárias graves.
"Enquanto seres humanos, esperamos que a evolução aperfeiçoe o produto final, e, por isso, esperaríamos que a molécula final fosse o melhor antibiótico e que os intermediários fossem menos potentes. Mas a descoberta é um ótimo exemplo do que é uma evolução ‘como um relojoeiro cego’"
A descoberta surgiu de um trabalho iniciado em 2006 em que Challis e os seus colegas começaram a estudar a via molecular pela qual a Streptomyces coelicolor produz meticilina A.
Em 2010, a equipa mapeou o mecanismo que a bactéria utilizava para produzir meticilina A e identificou várias moléculas intermédias geradas durante o processo.

“Estávamos apenas a realizar uma investigação básica e experimental. Descobrimos estes intermediários e deixámo-los de lado durante algum tempo, pois não sabíamos bem o que fazer com eles", segundo Challis em comunicado.
Em 2017, um estudante do laboratório de Challis testou a atividade antimicrobiana dessas moléculas intermédias e percebeu que duas delas - incluindo a a lactona de pré-meticilina C - eram muito mais eficazes do que o antibiótico original (a meticilina A) no combate a sete estirpes de bactérias, como o Staphylococcus aureus, que infeta a pele, o sangue e os órgãos internos, e o Enterococcus faecium, que pode causar infeções sanguíneas e urinárias fatais.
Em testes laboratoriais, a lactona de pré-meticilina C eliminou estirpes de S. aureus resistentes a medicamentos com uma concentração de apenas 1 micrograma por mililitro, enquanto a meticilina A exigia 256 microgramas.
O novo composto também superou a vancomicina, um antibiótico de última linha utilizado para tratar infeções causadas por duas estirpes de Enterococcus faecium.
A equipa espera que este trabalho sirva de base a uma nova geração de antibióticos.
“Esta descoberta sugere um novo paradigma. Ao testarmos os intermediários das vias de síntese de compostos naturais, podemos encontrar antibióticos potentes que estavam literalmente escondidos", sublinha Gregory Challis.
O próximo passo no desenvolvimento do antibiótico será o teste pré-clínico e o desenvolvimento de análogos sintéticos.
Projeto da Universidade de Coimbra investiga papel de proteína pouco estudada na doença de Alzheimer
Notícias Saúde
Um projeto de investigação, liderado pela Universidade de Coimbra (UC), está a estudar o papel de uma proteína (a TDP-43) na doença de Alzheimer. Embora se saiba que a referida proteína se encontra desregulada em outras patologias, na doença de Alzheimer é ainda pouco estudada, embora existam indícios de que está alterada, contribuindo para a neurodegeneração.
A investigação pode vir a abrir caminho à identificação de futuros alvos para medicamentos.
Ana Rita Quadros, que coordena a investigação na UC, refere que “a doença de Alzheimer é uma perturbação caracterizada por perda neuronal progressiva e disfunção sináptica, conduzindo a um declínio cognitivo severo. A proteína TDP-43 tem sido identificada em 20 a 50% dos pacientes com Alzheimer, estando associada a maior probabilidade de declínio cognitivo e a uma atrofia cerebral mais rápida”.

Para estudar o papel desta proteína na doença, o projeto SynTDP: Decoding the contribution of TDP-43 for synaptic failure in Alzheimer’s Disease (Descodificando a contribuição da TDP-43 para a falha sináptica na doença de Alzheimer, em português) vai estar em curso até agosto de 2027.
Perante a hipótese de a perda de função da TDP-43 na doença de Alzheimer conduzir a defeitos nos alvos sinápticos de RNA, que por sua vez contribuem para disfunção sináptica e défices cognitivos, Ana Rita Quadros vai estudar “tecidos post-mortem de pessoas com Alzheimer, células estaminais pluripotentes induzidas (células que podem dar origem a qualquer célula do corpo humano) e modelos animais para caracterizar o impacto da perda de TDP-43 na função e composição sinápticas, cruzando estes resultados com as alterações de RNA decorrentes dessa perda de função”.
“Estudar a possibilidade de a perda de função da proteína TDP-43 em pessoas diagnosticadas com Alzheimer conduzir a defeitos nos seus alvos sinápticos de RNA – que, por sua vez contribuem para a disfunção sináptica e, consequentemente, para os défices cognitivos – será fundamental para melhor conhecer a progressão da doença e identificar alvos terapêuticos para a restauração funcional de neurónios”, sublinha Ana Rita Quadros.
Pílula do dia seguinte pode ajudar a prevenir cancro da mama em mulheres com maior risco
SIC Notícias
Inibir os efeitos da progesterona pode ajudar a reduzir o risco de cancro da mama em mulheres com maior probabilidade de desenvolver a doença, indica um estudo científico que tem o português Bruno Simões como primeiro autor.
O estudo, publicado na revista Nature, representa um "avanço importante" na área da prevenção do cancro da mama porque "sugere que as mulheres com maior densidade mamária, um fator de risco conhecido, poderão ser as que mais beneficiam de um tratamento preventivo com um fármaco anti-progestina", disse o investigador à agência Lusa.
Um ensaio clínico de que o artigo sobre o estudo dá conta avaliou se a inibição da progesterona com uma anti-progestina - o acetato de ulipristal - durante 12 semanas altera marcadores de risco reconhecidos em mulheres pré-menopáusicas com risco elevado.
O acetato de ulipristal é um medicamento usado na contraceção de emergência, frequentemente apelidado de "pílula do dia seguinte", e no tratamento de miomas uterinos.
A intervenção, testada em 24 mulheres entre 2016 e 2019, diminuiu a densidade do tecido mamário e alterou a sua estrutura, criando um ambiente menos favorável ao desenvolvimento de células cancerígenas, particularmente em mulheres com o fator de risco da maior densidade mamária.

Segundo o investigador português, o estudo revelou uma redução da proliferação celular e diminuição do número de células que estão na origem de cancros da mama agressivos, a remodelação do tecido da mama e uma redução da densidade mamária.
Estes resultados apoiam a linha de investigação de Bruno Simões, focada nos "primeiros eventos celulares e moleculares associados ao risco de cancro mamário e em intervenções que previnam a transformação das células iniciadoras de tumor".
A ideia do estudo surgiu do conhecimento prévio sobre o papel da progesterona na expansão das células da mama e a sua suscetibilidade à transformação, e provas pré-clínicas de que anti-progestinas reduzem o número destas células.
Se forem confirmadas em estudos maiores e de longo prazo, as anti-progestinas podem "oferecer uma alternativa de prevenção para mulheres pré-menopáusicas com risco elevado, diminuindo a necessidade de cirurgia ou terapias hormonais prolongadas", ambas com impacto na qualidade de vida, disse Bruno Simões à Lusa.
Os resultados atuais servem de base para estudos maiores e de seguimento a longo prazo para testar a eficácia na redução real da incidência tumoral e avaliar a segurança necessária à sua aprovação como terapia preventiva.

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