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Investigadores do Porto e Coimbra rejuvenescem coração

Jornal de Notícias

Investigadores das universidades do Porto e de Coimbra encontraram uma forma de "rejuvenescer o coração", atuando "diretamente sobre os mecanismos celulares do envelhecimento" e combater uma das variantes mais graves da insuficiência cardíaca.

Em causa está a insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (HFpEF), que acontece quando "o ventrículo esquerdo perde a flexibilidade necessária para relaxar e encher-se adequadamente", explica, em comunicado, o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S).

"Estamos a transformar o paradigma da terapêutica cardiovascular: não se trata apenas de aliviar sintomas, mas de atuar diretamente sobre os mecanismos celulares do envelhecimento, que estão na origem da disfunção orgânica associada à idade", sustenta Elsa Silva, investigadora do i3S e primeira autora do artigo.

Os investigadores do trabalho, publicado na revista "Cardiovascular Research", usaram um modelo animal que mimetiza a HFpEF humana em contexto cardiometabólico e observaram "uma acumulação de células senescentes no sistema imunitário, nos vasos sanguíneos e no coração".

Após a administração de um fármaco senolítico, que elimina as células senescentes, os investigadores testemunharam "um alívio simultâneo dos múltiplos sintomas da HFpEF".

"Há um impacto direto na saúde cardiovascular e sistémica", afirma Diana S. Nascimento, coordenadora da equipa do i3S e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

Os investigadores destacam ainda que "níveis elevados de leucócitos (células sanguíneas do nosso sistema imunitário) senescentes em circulação foram observados em doentes com HFpEF, estando associados a uma maior severidade da doença, sugerindo assim que esta abordagem poderá ter relevância clínica direta".

Sublinham que o trabalho "representa um marco na convergência da medicina antienvelhecimento e cardiovascular, apenas possível através de uma forte colaboração entre três instituições portuguesas de referência em investigação cardiovascular, medicina regenerativa e envelhecimento".

As equipas estão já a planear os próximos passos para "avaliar os mecanismos que causam o envelhecimento precoce em contexto cardiovascular e desenvolver novas terapias mais personalizadas, com vista à sua futura translação clínica", refere o i3S.

Menina de seis anos morre após receber tratamento dentário numa clínica em Espanha

No dia 27 de Novembro noticiamos em primeira mão no nosso Instagram esta notícia, trazemos agora novos desenvolvimentos do caso!

Instagram Reel

SIC Notícias / Jornal de Notícias

Uma menina de seis anos morreu depois de receber tratamento dentário numa clínica em Espanha. A criança foi anestesiada para extrair alguns dentes de leite. Mais tarde, começou a sentir vómitos, sonolência e dificuldades em respirar. Foi encaminhada para o hospital, já em paragem cardiorrespiratória, mas não sobreviveu.

Mas este não foi o único caso. Outra menina de quatro anos, que também foi atendida no passado dia 20 de novembro na Clínica Dentária Mireia, registou sintomas semelhantes e teve de ser internada no Hospital de Valência durante vários dias.

Anestesista e dona da clínica foram detidos

Perante os acontecimentos, a clínica foi fechada e o caso está a ser investigado. Ontem de manhã, o anestesista foi detido.

Segundo o El País, o homem de 43 anos, que apenas trabalhava esporadicamente naquela clínica, está acusado de vários crimes, entre eles homicídio e omissão de socorro. Ao profissional é ainda imputado um crime de furto, por alegadamente retirar medicamentos de um hospital para uso em clínicas privadas.

Mais tarde, também a dona da clínica foi detida pelas autoridades por suspeitas de omissão do dever de socorro e crime contra a saúde pública.

De acordo com o jornal espanhol, a clínica dentária não possuía a autorização para poder administrar uma sedação intravenosa. Podia apenas utilizar anestésicos locais sem a necessidade de autorizações adicionais.

A dentista e proprietária da Clínica Dentária Mireia, Mireia V., de 50 anos, afirmou ao jornal espanhol "El País" que o lote do medicamento utilizado estava sob investigação e alegou desconhecer o que poderá ter ocorrido.

Óscar Castro, presidente do Conselho de Dentistas, explicou ao jornal que a sedação é um procedimento comum em crianças muito ansiosas, mas alertou que é necessário garantir a rastreabilidade e a legalidade dos produtos administrados. "Até se verificar que medicamentos foram usados e a sua origem, é impossível saber o que aconteceu", declarou.

Autópsia foi inconclusiva

A autópsia da criança não revelou nenhuma causa direta para a morte da criança. O tribunal aguarda agora resultados toxicológicos adicionais para perceber o que levou à falência respiratória.

OMD alerta para fuga de médicos dentistas e exige medidas económicas urgentes no OE26

OMD

A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) apresentou ontem os resultados do estudo “Diagnóstico à Profissão 2025”, o qual confirma uma realidade alarmante: Portugal está a perder médicos dentistas para o estrangeiro, devido à falta de condições económicas, à instabilidade profissional e à ausência de políticas estruturais.

O não reconhecimento da profissão como sendo de desgaste rápido (mencionado por mais de 60% dos inquiridos), o crescimento dos seguros e planos de saúde que refletem a crescente intermediação financeira do setor, a instabilidade salarial (para 46,2%), a falta de proteção social (42,2%), a ausência de contratos de trabalho (26,5%) e a falta da carreira no SNS (24,7%) são algumas das principais preocupações identificadas no estudo.

Esta tendência não só ameaça a sustentabilidade da profissão, como também agrava as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde oral e representa um risco económico para o país.

Os números falam por si. Atualmente, 7% dos médicos dentistas já trabalham fora de Portugal, sobretudo em França, no Reino Unido e na Suíça. 16,1% emigraram no último ano e 46% exercem no estrangeiro há mais de cinco anos, período a partir do qual a probabilidade de regressar diminui significativamente. Aliás, dos inquiridos apenas 18% pretendem regressar.

Dos motivos apontados para emigrar, 55% afirmam que não conseguiam auferir um rendimento satisfatório em Portugal, 48,3% consideram que a profissão não é valorizada e 43,9% procuram melhor qualidade de vida.

A situação é ainda mais grave entre os mais jovens: 41,7% dos profissionais com menos de 30 anos decidiram emigrar antes de concluir o curso, o que indica uma perceção clara de falta de oportunidades no mercado nacional.

A precariedade da profissão é das principais causas apontadas. 60,4% dos médicos dentistas têm uma remuneração variável, que depende da percentagem dos tratamentos realizados, sem qualquer garantia de estabilidade, até porque o modelo assenta muitas vezes na prestação de serviços e recibos verdes.

A isto acresce o facto de a maioria (60,8%) exercer em clínicas ou consultórios de outrem (excluindo hospitais e centros), em que cerca de 70% trabalham simultaneamente em mais do que uma unidade, afetando a qualidade de vida destes profissionais. Esta realidade desvaloriza a profissão e compromete a capacidade de atrair e reter talento.

Em suma, entre quem exerce em Portugal, 62,6% indicam que o rendimento auferido está abaixo do expectável para as habilitações que têm e 56,7% dizem estar abaixo do expectável para as horas de trabalho.

A fuga de profissionais qualificados não é apenas um problema da classe médica dentária, mas sim um risco sistémico para a economia e para a saúde pública. A emigração de cada médico dentista representa um investimento perdido em formação e uma diminuição da capacidade de resposta do sistema nacional”, alerta o bastonário Miguel Pavão.

Perante este cenário, a OMD considera que as propostas apresentadas para o Orçamento de Estado para 2026 são decisivas para inverter a tendência de emigração e garantir a sustentabilidade do setor.

Nesta notícia poderá ainda ler sobre:

  • Propostas para o Orçamento de Estado para 2026

Ciência comprova: meditação transforma cérebro e corpo numa semana

Notícias Saúde

Investigadores da Universidade da Califórnia, nos EUA, descobriram que um retiro que combine diversas técnicas mente-corpo, incluindo meditação e práticas de cura, produziu mudanças rápidas e abrangentes na função cerebral e na biologia sanguínea.

Os investigadores verificaram que o retiro ativou vias que promovem a neuroplasticidade, o metabolismo, a imunidade e o alívio da dor. Descobertas, publicadas na revista Communications Biology, que provas em como as práticas psicológicas podem melhorar a saúde física.

O novo estudo é o primeiro a quantificar, de forma abrangente, os efeitos biológicos de múltiplas técnicas mente-corpo administradas em conjunto durante um curto período.

Há anos que sabemos que práticas como a meditação podem influenciar a saúde, mas o que impressiona é que a combinação de múltiplas práticas mente-corpo num único retiro produziu alterações em tantos sistemas biológicos que pudemos medir diretamente no cérebro e no sangue. Não se trata apenas de alívio do stress ou de relaxamento; trata-se de mudar fundamentalmente a forma como o cérebro interage com a realidade e quantificar essas mudanças biologicamente.”, explica o autor sénior do estudo, Hemal H. Patel, professor de anestesiologia na Escola de Medicina da UC San Diego e cientista investigador.

No âmbito do estudo, 20 adultos saudáveis ​​participaram num programa residencial de sete dias, composto por sessões diárias de palestras, aproximadamente 33 horas de meditação guiada e práticas de cura em grupo. Todos participaram conscientemente em atividades de cura apresentadas como placebos, ou seja, procedimentos ou tratamentos sem qualquer ingrediente médico ativo, mas que ainda podem produzir benefícios reais através do poder da expectativa, da ligação social e das práticas partilhadas.

Antes e depois do retiro, os participantes foram submetidos a uma ressonância magnética funcional, que mediu a atividade cerebral em tempo real. Os investigadores também utilizaram análises ao sangue para medir alterações na atividade metabólica, ativação imunológica e outras funções biológicas.

E observaram diversas mudanças importantes após o retiro: alterações na rede cerebral, neuroplasticidade melhorada, alterações metabólicas, alívio natural da dor, ativação imunológica, alterações na sinalização genética e molecular.

As descobertas sugerem que a meditação intensiva pode desencadear uma atividade cerebral muito semelhante à previamente documentada com substâncias psicadélicas.

Os resultados do estudo fornecem uma forma de compreender como as intervenções mente-corpo sem o uso de drogas podem promover a saúde e o bem-estar. Ao melhorar a neuroplasticidade e ativar o sistema imunitário, estas práticas podem ajudar a promover a saúde mental, a regulação emocional e a resiliência ao stress.

Além disso, esta combinação de práticas mente-corpo pode também ser útil para o controlo da dor crónica.

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A equipa da MedSUPPORT.

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