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Notícias da Saúde em Portugal 732
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Ferramenta de IA de registo de notas reduz tempo gasto em burocracia pelos médicos, indica análise
Euronews
Ferramentas de inteligência artificial (IA) podem dar aos médicos mais tempo com os doentes ao reduzir o tempo que dedicam à redação de notas, indicam novos dados de uma empresa sueca de transcrição clínica.
A Tandem Health afirmou que usar IA para automatizar tarefas administrativas repetitivas pode ajudar a aliviar o burnout e outros desafios da força de trabalho em saúde.
A análise inclui mais de 375.000 notas clínicas elaboradas por quase 1.300 clínicos que usam o transcritor clínico com IA da empresa, disponível em 11 mercados europeus, incluindo Espanha, França e Reino Unido.
A Tandem Health também inquiriu 177 profissionais de saúde para perceber como utilizam a ferramenta de IA, classificada como dispositivo médico na União Europeia.
Em média, o transcritor com IA reduziu o tempo que os clínicos gastam em notas clínicas de 6,69 minutos para 4,71 minutos, uma redução de 29%, indica a análise.

Os clínicos, incluindo médicos de família, cirurgiões, psicólogos e enfermeiros, referiram sentir-se mais presentes durante as consultas com os doentes e menos pressionados por tarefas administrativas.
Isso poderá ter efeitos indiretos no bem-estar dos clínicos. As tarefas administrativas são um fator-chave de burnout entre os médicos de família, segundo um inquérito internacional publicado este ano.
"Para os sistemas de saúde europeus que enfrentam carências agudas de pessoal e custos a subir, esse ganho de capacidade poderá fazer diferença à escala, ao reduzir tempos de espera, aliviar o burnout dos clínicos e melhorar o acesso aos cuidados", disse o CEO da Tandem Health, Lukas Saari, em comunicado.
A empresa assinalou que, até agora, a maioria da investigação sobre transcritores clínicos com IA se focou em sistemas de saúde dos Estados Unidos, diferentes dos europeus.
"À medida que os transcritores com IA ganham maturidade na Europa, é essencial gerar, de forma rápida e contínua, evidência a partir dos nossos próprios sistemas de saúde", disse Artin Entezarjou, responsável pelas operações médicas na Tandem Health.
Portugueses criam avatar da medula óssea que pode revolucionar tratamento da leucemia
Euronews
A ideia nasceu na Universidade do Porto e acabou por assentar bagagens na ilha da Madeira, de onde são naturais dois dos criadores e onde nasceu a MYLeukaemia, agora premiada com dois galardões de inovação da União Europeia.
O tratamento para a doença evoluiu nas últimas décadas, com a introdução dos transplantes de medula óssea. Os transplantes de medula óssea ou de células estaminais vieram complementar aquele que continua a ser o vetor primordial de tratamento da doença: a quimioterapia.
É neste contexto que este grupo de investigadores doi3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto escolhe um alvo prioritário: a leucemia mieloide aguda (LMA), uma das leucemias agudas mais frequentes em adultos e uma das mais agressivas.
A LMA não é uma doença “única”, pois reúne múltiplos subtipos e perfis moleculares, com respostas muito diferentes às terapias disponíveis. Por isso, apesar dos avanços, os resultados continuam a ser duros: a taxa de sobrevivência a cinco anos ronda, em média, 25-30%, diminuindo significativamente com a idade.
Por isso, uma questão permanece, apesar de todos os avanços feitos no combate à doença: como adaptar a terapia a cada doente, como criar um quadro terapêutico feito à medida para cada pessoa, que responda às necessidades biológicas de cada um?
A resposta pode vir do modelo inovador que este grupo criou.
A ideia foi desenvolvida por Hugo Caires (investigador principal), Hugo Prazeres (technology transfer officer) e Diana Sousa (farmacêutica) no âmbito da investigação que desenvolviam na Universidade do Porto, um projeto exploratório financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT): "A ideia foi perceber que tínhamos de criar modelos mais realistas para perceber o que é que se passa nestes doentes com leucemia mieloide aguda, perceber porque é que após a terapia muitos destes doentes têm recidivas da doença. Cerca de metade dos doentes que entram em remissão numa primeira linha de quimioterapia de indução/consolidação, após um ano, voltam a ter uma recidiva da doença, e precisávamos de perceber porquê", explica Hugo Caires, CEO da MYLeukaemia, à Euronews.
Do projeto universitário, a ideia evoluiu para a criação de uma empresa que pretende dar cartas no campo das terapias para a leucemia: a MyLeukaemia está ainda em fase de formação, mas venceu recentemente dois prémios nos EIT Innovation Awards, os prémios anuais do Instituto Europeu da Inovação e Tecnologia (EIT), uma instituição da UE sediada em Budapeste que apoia as startups europeias.
Do Porto para a Madeira, de onde Hugo Caires e Diana Sousa são originários, é aqui que o grupo quer ter a sua base e começar os trabalhos, tendo começado já diálogos com diversas entidades do governo regional e com o serviço de hematologia do SESARAM (Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira), tendo em vista uma futura colaboração.

Em que consiste o avatar?
O “avatar” da MYLeukaemia é um modelo de medula óssea em organ-on-a-chip que permite testar, em laboratório, como células leucémicas respondem a diferentes terapias, uma abordagem de oncologia de precisão funcional pensada para apoiar decisões terapêuticas no futuro.
Nesta fase de desenvolvimento, a equipa trabalhou com linhas primárias e linhas celulares leucémicas humanas (células derivadas de doentes e hoje comercializadas ou disponibilizadas por biobancos), uma prática comum em investigação para otimizar o protótipo e validar o modelo antes de avançar para amostras clínicas.
A partir dessas células humanas, é construído um modelo que replica a medula óssea que todos partilhamos: "Trata-se de um chip do tamanho de uma moeda de um euro, no qual criamos um microambiente muito semelhante ao que se passa na medula óssea humana, que tem uma parte óssea externa e uma componente gelificada no centro com uma rede muito vascularizada. Conseguimos, assim, mimetizar em laboratório o que aconteceria no corpo do doente", explica Hugo Caires. Este tipo de modelo também ajudou a estudar como as células leucémicas interagem com o seu ‘refúgio’ na medula, incluindo mecanismos associados à evasão à quimioterapia e ao risco de recidiva.
Hugo Caires prefere não prometer uma revolução até ter os resultados do estudo-piloto, mas acredita que a sua ideia vai permitir aos clínicos fazer um uso mais inteligente das terapias que existem hoje à disposição.
Será um instrumento útil na batalha contra um adversário muito poderoso: uma doença bastante agressiva e difícil de tratar como é a leucemia mieloide aguda, um dos tipos mais comuns de leucemia que, na verdade, se declina em mais de 11 doenças diferentes devido a mutações diferentes que dão origem a entidades clínicas distintas com elevada heterogeneidade na resposta terapêutica à terapia-padrão.
A ideia é "conseguir melhorar os resultados clínicos destes doentes, que são bastante pobres, atribuindo a terapia certa ao doente certo com base num diagnóstico prévio de medicina de precisão funcional nas células leucémicas do próprio doente", nas palavras do investigador.
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Próximas etapas do projeto
Dietas ricas em polifenóis associadas a melhor saúde cardiovascular
Notícias Saúde
As pessoas que consomem regularmente alimentos e bebidas ricos em polifenóis, como chá, café, frutos vermelhos, cacau, nozes, cereais integrais e azeite, podem ter uma melhor saúde cardiovascular a longo prazo, revela uma investigação liderada pelo King’s College London, que descobriu que aqueles com maior adesão a padrões alimentares ricos nestes compostos apresentavam um menor risco previsto de doenças cardiovasculares.
O estudo, publicado na revista BMC Medicine, que acompanhou mais de 3.100 adultos durante mais de uma década, descobriu que dietas ricas em grupos específicos de polifenóis estavam associadas a níveis mais saudáveis de pressão arterial e colesterol, contribuindo para menores índices de risco de doenças cardiovasculares.

Pela primeira vez, os investigadores analisaram também um grande número de metabolitos na urina, produzidos quando o organismo metaboliza os polifenóis. Estes biomarcadores confirmaram que os indivíduos com níveis mais elevados de metabolitos de polifenóis — sobretudo os derivados de grupos específicos de polifenóis, flavonoides e ácidos fenólicos — apresentavam taxas de risco cardiovascular mais baixas e níveis elevados de colesterol HDL, também conhecido como colesterol “bom”.
Ana Rodriguez-Mateos, autora principal e professora de Nutrição Humana no King’s College London, considera que estes resultados “mostram que a adesão a longo prazo a dietas ricas em polifenóis pode retardar substancialmente o aumento do risco cardiovascular com o envelhecimento. Mesmo pequenas mudanças sustentadas em direção a alimentos como frutos vermelhos, chá, café, nozes e cereais integrais podem ajudar a proteger o coração ao longo do tempo”.
Os investigadores observam que, embora o risco cardiovascular aumente naturalmente com a idade, uma maior ingestão de polifenóis foi associada a uma progressão mais lenta do risco durante o período de seguimento de 11 anos. Realçam também a necessidade de futuros estudos de intervenção dietética para validar ainda mais estas associações.
Europeus esgotados: como reforçar a saúde mental no trabalho?
Euronews
O local de trabalho moderno está a desgastar trabalhadores por toda a Europa, e ninguém sabe bem o que fazer.
Quase metade dos trabalhadores em 30 países dizem ter cargas de trabalho excessivas; 34% sentem que o seu trabalho não é reconhecido; e 16% referem violência ou assédio verbal no local de trabalho, segundo um inquérito publicado no início deste ano pela Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho.
Apesar da atenção crescente das empresas ao bem‑estar, as pressões mostram poucos sinais de abrandamento. No início deste ano, investigadores na Austrália identificaram um “paradoxo persistente”: países e empresas investem como nunca na saúde mental, mas a saúde mental dos trabalhadores só parece piorar.
"Sobretudo após a pandemia, assistimos a um aumento de problemas de saúde mental, em especial os causados por ou ligados ao trabalho, incluindo burnout", disse Sonia Nawrocka, do Instituto Sindical Europeu (ETUI), à Euronews Health.
Especialistas defendem que o bem‑estar dos trabalhadores deve ser um objetivo de longo prazo e holístico, não um programa ad hoc desenhado pela equipa de recursos humanos ou moldado por opiniões pessoais da direção.

"É isso que falta hoje nos locais de trabalho: tudo é demasiado simplista, demasiado mecânico, e não se obtêm resultados", disse Jolanta Burke, investigadora em psicologia positiva e professora associada no Colégio Real de Cirurgiões da Irlanda (RCSI), à Euronews Health.
Segundo um relatório da tecnológica de saúde TELUS Health, gestores que lideram equipas mentalmente saudáveis e produtivas tendem a partilhar cinco traços: cuidado genuíno com o bem‑estar do pessoal, abordagem orientada para a equipa que evita competição nociva, inclusão, capacidade de decisão e aptidão para criar um sentido de propósito para lá das tarefas do dia a dia.
Algumas empresas estão a testar reformas mais amplas. No Reino Unido, Alemanha, Irlanda e Islândia, já se experimentaram semanas de quatro dias; estudos iniciais sugerem que podem reduzir o risco de burnout e melhorar a saúde em geral.
Mesmo assim, nenhum país resolveu o quebra‑cabeças da saúde mental no trabalho, já que até países europeus elogiados por um forte equilíbrio entre vida profissional e pessoal reportam taxas elevadas de problemas de saúde mental.
Está muito em jogo. A depressão e os problemas cardiovasculares causados pelo stress laboral custam à União Europeia mais de 100 mil milhões de euros por ano, com os empregadores a suportarem mais de 80 por cento desses custos, segundo um estudo do ETUI.

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