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Notícias da Saúde em Portugal 735
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Mindfulness, uma forma de ajudar as pessoas a desligarem-se dos seus smartphones
Notícias Saúde
Sabendo que mais de quatro mil milhões de pessoas em todo o mundo possuem um smartphone, um grupo de investigadores decidiu procurar formas de reduzir uma crescente preocupação de saúde pública: o uso problemático destes dispositivos.
Susan Holtzman, professora de psicologia na Faculdade de Artes e Ciências Sociais Irving K. Barber da UBC Okanagan, no Canadá, publicou um estudo sobre o uso excessivo ou a dependência de smartphones e como pode ser controlado com técnicas de mindfulness.
“O uso de smartphones pode ser considerado ‘problemático’ se alguém passa uma quantidade excessiva de tempo no seu dispositivo, tem dificuldade em controlar o seu uso e isso interfere significativamente com áreas importantes da vida. Mas ainda há bastante discordância sobre a forma como devemos definir e medir o uso problemático dos smartphones.”, refere.
O estudo que liderou conclui que “as pessoas que tendem a ser mais conscientes no seu dia a dia têm menos probabilidade de desenvolver uma relação problemática com o telemóvel”.

A revisão de 61 estudos, que envolveram mais de 39.000 pessoas de 11 países, analisou a relação entre o mindfulness e o uso problemático do smartphone, revelando muitas razões pelas quais a atenção plena pode ser útil: “pode ajudar as pessoas a gerir melhor as suas emoções, a agir com menos impulsividade e a resistir à tentação de se envolverem em comportamentos que não nos fazem bem. Também nos pode ajudar a perceber quando estamos no meio de um comportamento que é simplesmente um hábito”.
Para quem tem dificuldade em concentrar-se ou em manter-se presente, Susan Holtzman deixa alguns conselhos: “quando for pegar no telemóvel, pare e pergunte-se porquê. É para um fim específico ou apenas por força do hábito? Qual é a sua intenção? Principalmente se já passaram alguns minutos desde a última vez que verificou”.
E reforça que “isto não é tão fácil como parece. Os smartphones e as aplicações que os compõem foram concebidos para exigir e manter a nossa atenção. Para combater isto, incentivamos as pessoas a avaliar o uso que fazem dos seus smartphones. Se determinadas aplicações ou sites consumirem muito tempo e atenção, considere definir limites de tempo, removê-los do ecrã inicial ou eliminá-los completamente”.
Cientistas identificam bactéria que reduz inflamação intestinal e trava infeção
Jornal de Notícias
Uma equipa de cientistas em Portugal descobriu uma bactéria que ajuda a recuperar a microbiota, reduzindo a inflamação intestinal e impedindo infeção, anunciou o Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular, onde foi conduzida a investigação com ratinhos.
A bactéria, descoberta acidentalmente, pertence ao grupo 'Klebsiella pneumoniae', na origem de infeções hospitalares, mas é inofensiva e em vez de causar doença ajuda a recuperar a microbiota intestinal, a população de microrganismos, incluindo vírus, fungos e bactérias, que habitam no intestino e desempenham uma função protetora.
"Estávamos a estudar o efeito de uma molécula química produzida pelas bactérias na capacidade da microbiota recuperar o seu estado original após a tomada de antibióticos. O efeito deste químico estava lá, mas havia algo muito mais forte que fazia com que uns ratinhos recuperassem uma microbiota saudável, capaz de proteger contra agentes infecciosos, e outros não. Esse fator determinante era a presença ou ausência desta bactéria, que até então não conhecíamos", disse à Lusa a coordenadora da equipa, Karina Xavier.
A nova estirpe recebeu a designação de 'Klebsiella sp. ARO112', sendo que ARO corresponde às iniciais do nome da doutoranda Ana Rita Oliveira, que fez parte da equipa científica.
De acordo com Karina Xavier, serão necessários, no entanto, mais estudos para se saber com rigor qual a prevalência desta estirpe bacteriana nos humanos e a sua correlação com níveis baixos de inflamação, dado que os resultados, apesar de promissores, foram obtidos com ratinhos.

"Encontrámos esta bactéria no intestino de ratinhos, mas sabemos que está presente em ratinhos e em humanos. Só que não está presente nem em todos os ratinhos nem em todos os humanos", ressalvou a investigadora, que lidera o laboratório de sinalização bacteriana, adiantando que, num próximo passo, serão feitos testes com células de tecido intestinal humano.
"A expectativa é que a bactéria colonize em qualquer condição em que tivermos uma microbiota desequilibrada, mas coloniza a níveis muito baixos em microbiotas consideradas saudáveis", sublinhou Karina Xavier.
No laboratório, a 'ARO112' bloqueou bactérias causadoras de doença, como a 'Salmonella', e estirpes patogénicas da 'Escherichia coli', bem como reduziu patologias associadas à inflamação intestinal.
Além disso, a administração desta bactéria, após tratamentos com antibióticos para combater infeções e inflamação, pode ser uma "alternativa precisa e segura a procedimentos como o transplante fecal".
O estudo reforça "a necessidade de probióticos ajustados a situações clínicas específicas", uma vez que o probiótico comercial 'E. coli Nissle 1917', já usado na Europa, revelou-se sem efeito protetor nos ratinhos estudados.
A investigação foi desenvolvida pelo Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular em colaboração com instituições científicas espanholas e suíças.
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Peritos reúnem-se em Lisboa para ajudar Portugal a aproveitar melhor dados de saúde
Observador
Dezenas de peritos vão reunir-se em Lisboa, numa iniciativa que culminará num conjunto de recomendações para aproveitar melhor os dados de saúde, permitindo avaliar o impacto das políticas públicas e reduzir custos do sistema.
A iniciativa “Mais Dados melhor Saúde”, desenvolvida pelo Instituto Superior Técnico (IST), surge numa altura e que os sistemas de saúde europeus enfrentam pressão financeira, desafios demográficos e novas possibilidades tecnológicas e pretende ajudar Portugal a definir um modelo de acesso secundário (para investigação, estatística e planeamento) a dados de saúde.
“É a oportunidade perfeita. Já que estamos a montar toda a infraestrutura de acesso aos dados que irá ser obrigatória do ponto de vista europeu, passa a ser uma ótima oportunidade para montar uma estrutura que retire todo o potencial que estes dados têm“, disse à Lusa Eduardo Costa, coordenador da iniciativa “Mais Dados, Melhor Saúde”.
Segundo Eduardo Costa, Portugal “não parte do zero”, já tem vantagens como “uma boa base tecnológica”, uma agência digital para a saúde (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde) — “que muitos países não têm” —, um número de utente único, que permite cruzar e identificar o mesmo utente em base a dados diferentes, e uma população que está habituada a usar o SNS 24 (app e linha telefónica).

Parte do trabalho da iniciativa já foi feito — análise ou diagnóstico da situação nacional e comparação com casos internacionais — e agora os especialistas partem para a discussão pública, que culminará na elaboração das recomendações, que deverão ser entregues em março ao Governo.
A reunião desta sexta-feira servirá para validar o diagnóstico dos peritos, que aponta algumas vantagens do caso português, assim como as lacunas que ainda tem, como um enquadramento jurídico fragmentado, a falta de um Organismo Nacional de Acesso a Dados e de um catálogo nacional de integração de metadados, assim como a integração limitada de prestadores privados.
“Se eu precisar de desenhar um programa de luta contra a obesidade, preciso de saber onde é que são estes doentes, quais é que são as características dos doentes, como é que circulam no sistema de saúde. E, para isso, preciso de analisar a imensidão de dados que nós produzimos todos os dias no nosso sistema, algo que neste momento nós fazemos de forma relativamente incompleta”, explicou Eduardo Costa, acrescentando: “os nossos dados estão segregados em entidades diferentes e muitas vezes temos dificuldade em ligá-los uns aos outros”.
Sublinha que a “organização secundária de dados” pode ajudar a reduzir custos do sistema de saúde, a desenhar sistemas de saúde mais eficientes e perceber como tornar o percurso do doente mais eficiente, com ganhos em saúde.
“Permite-me perceber, por exemplo, medicamento a medicamento, que valor é que estas terapias estão a gerar”, disse o especialista, referindo-se a uma das matérias muito mencionadas pelos administradores hospitalares, sobretudo pelo constante aumento anual das despesas em medicamentos.
Lembra ainda que esta utilização secundária permite igualmente perceber se determinado programa de prevenção traz ou não os resultados esperados, para poder ajustar medidas: “Na prática, ter políticas públicas em saúde e decisões de investimento em saúde que sejam mais inteligentes”.
Gripenet volta permitir à população participar na vigilância das infeções respiratórias
Diário de Notícias
O sistema de vigilância participativa Gripenet volta esta sexta-feira, 12 de dezembro, a funcionar, permitindo à população colaborar na monitorização e investigação das doenças respiratórias e contribuindo para uma visão epidemiológica mais completa dessas infeções na comunidade, anunciou uma investigadora do INSA.
A plataforma eletrónica que monitoriza a ocorrência de infeções respiratórias agudas, com base em informação autorelatada por residentes em Portugal, estava parada desde 2020 devido à pandemia de covid-19, contando em 2019 com mais de 2000 participantes voluntários.
“A grande vantagem do Gripenet é que complementa os sistemas tradicionais de vigilância em saúde” ao incluir casos ligeiros de infeções respiratórias, como gripe e covid-19, de pessoas que não recorrem aos cuidados de saúde e que, normalmente, não entram nas estatística oficiais, disse à Lusa a investigadora Verónica Gomez, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

A investigadora explicou que a plataforma teve “uma pausa” a partir de 2020, coincidindo com o início da pandemia de covid-19, “onde todos os esforços em termos de recursos humanos e outros tiveram de ser alocados para o combate à pandemia, nomeadamente no Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge”.
“Este período serviu para reformular totalmente a plataforma, porque assim conseguimos incluir outras infeções respiratórias, que não só gripe, que era o grande foco do Gripenet”, sublinhou a investigadora do Departamento de Epidemiologia.
Por outro lado, também permitiu uniformizar a metodologia com os parceiros do consórcio europeu Influenza Net, para conseguir ter “uma visão também europeia do que se anda a passar em termos de infeções respiratórias e melhorar a plataforma”.
Segundo Verónica Gomez, o registo ‘online’ é simples, sendo atribuído a cada participante um código de modo a que os investigadores não tenham acesso à sua identificação.
Cada participante inscreve-se na plataforma eletrónica, preenchendo um questionário de caracterização e semanalmente recebe um breve questionário para comunicar o aparecimento de algum sintoma respiratório durante a semana.
Os resultados são apresentados semanalmente na plataforma e permitirão complementar a informação colhida através dos sistemas clássicos da vigilância da gripe e outros vírus respiratórios.

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