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Federação apela à dádiva de sangue em época festiva

Jornal de Notícias

A Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES) alertou hoje a população para a importância de doar sangue, especialmente na época festiva, quando as necessidades aumentam e a disponibilidade de dadores diminui.

Na campanha lançada hoje, a FEPODABES diz que os dados conhecidos na segunda-feira sobre a reserva de Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST) são preocupantes, sublinhando que o apelo incide em particular nos tipos de sangue O+, O-, B- e A- .

Segundo os dados da federação, nas reservas no IPST o sangue mais em falta na segunda-feira era o B-, com apelo para a dádiva imediata, seguido dos A- e O+, que se estima dar para um a dois dias, e os AB- e O-, que dão para três a cinco dias.

Contudo, na reserva nacional (hospitais) todos os tipos de sangue estão em níveis normais, com necessidade de "dádivas regulares".

A região com mais falta é a do Algarve, com reserva para três a cinco dias de sangue do tipo AB+ e O+.

Com esta campanha - "Neste Natal dê o seu melhor presente, dê sangue, dê vida!" -, a federação avisa que os níveis da reserva de sangue "precisam de ser reforçados continuamente", sublinhando que "cada dádiva faz a diferença para salvar vidas".

Citado em comunicado, o presidente da FEPODABES, Alberto Mota, lembra que "o país entrou em fase epidémica de gripe", um cenário que deverá diminuir a disponibilidade de dadores de sangue, e reforçou o apelo à dádiva junto de todos os cidadãos que estejam saudáveis.

A federação recorda que a dádiva de sangue é uma necessidade constante e é um gesto de solidariedade vital que pode salvar até três vidas por doação.

O Presidente da FEPODABES alerta ainda para a redução e o envelhecimento do número de dadores regulares e acrescenta: "É uma luta diária para que os mais jovens passem a doar regularmente".

Meter o Rossio na Betesga. Quando a ambição não cabe no espaço

Jornal Dentistry

A expressão “meter o Rossio na Betesga” é largamente usada para ilustrar o disparate de querer encaixar o demasiado grande no demasiado pequeno. A sua origem remonta a Lisboa, através do contraste entre a ampla Praça do Rossio e a estreita Rua da Betesga. Apesar de não haver um registo documentado da sua primeira utilização, aparece em obras e dicionários de expressões populares já no século XIX — por exemplo, numa peça de Almeida Garrett de 1845.

A palavra “betesga” provém de “ruazinha” ou “viela”, o que reforça a ideia de algo diminuto.

Tem sido frequente a MedSUPPORT receber consultas para instalar unidades de saúde em espaços ou imóveis insuficientes ou incompatíveis com aquilo que os seus promotores ambicionam.

Quando a área é escolhida, as contas são muitas vezes feitas apenas com base nas salas clínicas — gabinetes e salas de tratamento — sem considerar devidamente as áreas logísticas obrigatórias nem o espaço necessário para circulação.

Armazéns, instalações sanitárias e salas de reprocessamento de dispositivos médicos de uso múltiplo (vulgo esterilização) são frequentemente esquecidos ou subdimensionados na fase de escolha do imóvel. O mesmo sucede com corredores e áreas de circulação, cada uma com as suas próprias exigências a cumprir.

E, tal como na expressão, também na área da saúde o problema raramente está na ambiçãoestá no espaço que não a comporta.

Mesmo quando o promotor conhece as áreas mínimas de uma sala de consulta ou tratamento, é frequente negligenciar as áreas que, apesar de obrigatórias, considera dispensáveis. No entanto, se é verdade que o espaço deve adaptar-se à prática clínica real, é igualmente verdade que essa adaptação tem de ocorrer dentro dos limites da lei.

Então, como evitar esta situação?

É na fase inicial, antes de adquirir o espaço que se evitam erros estruturais que, mais tarde, nenhuma obra ou rearranjo conseguirá resolver. Um imóvel inadequado não afeta apenas a operação clínica: compromete o modelo económico de forma estrutural.

A análise deve ser feita por profissionais e tem de considerar as tipologias e valências clínicas que o promotor quer — e precisa — de instalar para rentabilizar o seu modelo de negócio. Só com esse valor mínimo de área necessária definido deve ser assumido qualquer compromisso com imóveis.

A medicina é rica em procedimentos distintos que podem conduzir ao mesmo resultado, e é fundamental compreender, desde o início, como cada procedimento será realizado:

  • Em que sala é autorizado?

  • Que equipamento obrigatório exige?

  • Como serão reprocessados os materiais?

  • Que salas e equipamentos são indispensáveis para garantir esse reprocessamento?

Se tudo isto for ignorado na análise inicial, o resultado será inevitavelmente um espaço demasiado pequeno para as ambições clínicas e um projeto que começa “mal”.

Uma clínica é um organismo que vive e cresce. O espaço físico define a capacidade de expansão e a tranquilidade operacional.

Evitar “meter o Rossio na Betesga” é, acima de tudo, garantir que a clínica começa pelo princípio certo: um espaço que a respeite, que permita crescer e que obtenha licenciamento sem dramas.

 E é precisamente aqui que a MedSUPPORT faz a diferença.

Tumores cerebrais pediátricos: Estudo português cria terapia promissora

SAPO

Investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) criaram organoides que mimetizam tumores cerebrais pediátricos, permitindo "identificar os fármacos mais adequados" e desenvolver "terapias mais eficazes e menos tóxicas".

Em comunicado, investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) explicam que uma equipa de cientistas liderada por Jorge Lima "conseguiu criar organoides [mini-órgãos 3D cultivados em laboratório a partir de células-tronco, que mimetizam a estrutura e função de órgãos reais] a partir de material cirúrgico de tumores cerebrais pediátricos".

"Estes mini-tumores cultivados em laboratório mimetizam os tumores originais, o que permitirá identificar os fármacos mais adequados para cada tumor e desenvolver terapias mais eficazes e menos tóxicas", descreve o instituto.

A "falta de modelos pré-clínicos capazes de refletir a complexidade e diversidade" dos tumores cerebrais infantis "tem representado uma barreira significativa para os clínicos", assinala o instituto.

"A partir de amostras cirúrgicas, os investigadores do i3S conseguiram estabelecer 20 culturas derivadas de doentes, abrangendo diferentes tipos de tumores, como gliomas de baixo e alto grau, meduloblastomas e até casos raros com alterações genéticas específicas", indica.

Jorge Lima, líder da equipa, observa que os organoides desenvolvidos "reproduzem fielmente as características morfológicas, genéticas e epigenéticas dos tumores primários".

Tornaram-se, por isso, em "ferramentas valiosas não só para testar fármacos e identificar quais os compostos mais eficazes para tratar cada tumor, mas também para estudar a biologia tumoral e avançar na medicina de precisão".

Segundo o investigador, este trabalho, que começou com o apoio da Fundação Rui Osório de Castro e está a ser desenvolvido no grupo do i3S Cancer Signalling and Metabolism e no Ipatimup Diagnósticos, representa "um marco" na relação entre investigadores e clínicos.

"Através de uma colaboração constante com oncologistas pediátricos, neurocirurgiões pediátricos e patologistas do Hospital de S. João, conseguimos criar uma dinâmica de recolha de amostras e criação de organoides para tratamento e estudo", destaca.

Por outro lado, a plataforma "abre caminho para a criação de um biobanco de organoides, garantindo material para investigação e desenvolvimento de terapias personalizadas".

Porque muitas doenças de saúde mental podem ser mais parecidas do que se pensava

Euronews

Perturbações de saúde mental distintas podem ter muito mais em comum ao nível biológico do que os cientistas supunham, indica um novo grande estudo genético.

Investigadores da Universidade do Colorado Boulder e da Mass General Brigham, nos Estados Unidos, afirmam que as conclusões do estudo poderão vir a melhorar a forma como as perturbações de saúde mental são diagnosticadas e tratadas, sobretudo para quem vive com mais do que um diagnóstico.

Foram analisadas amostras de ADN de mais de seis milhões de pessoas, entre as quais mais de um milhão com diagnóstico de, pelo menos, uma perturbação de saúde mental. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de mil milhões de pessoas vivem com perturbações desta natureza.

Neste momento, diagnosticamos perturbações psiquiátricas com base no que observamos em consulta, e muitas pessoas recebem múltiplos diagnósticos. Isso torna o tratamento mais difícil e é desanimador para os doentes”, afirmou Andrew Grotzinger, professor assistente de psicologia e neurociência na Universidade do Colorado Boulder e autor correspondente do estudo.

A equipa estudou 14 perturbações psiquiátricas e concluiu que a maioria das diferenças genéticas entre pessoas com e sem estas perturbações pode ser explicada por apenas cinco padrões genéticos amplos.

Estes padrões estavam ligados a 238 variantes genéticas que influenciam o desenvolvimento e o funcionamento do cérebro. Com base nas caraterísticas genéticas partilhadas, os investigadores agruparam as perturbações em cinco categorias.

Um grupo incluía perturbações com traços compulsivos, como anorexia nervosa, síndrome de Tourette e perturbação obsessivo-compulsiva.

Outro abrangeu perturbações internalizantes, como depressão, ansiedade e perturbação de stress pós-traumático.

Um terceiro focou-se nas perturbações por consumo de substâncias, enquanto um quarto incluiu perturbações do neurodesenvolvimento, como o autismo e a perturbação de hiperatividade e défice de atenção.

A perturbação bipolar e a esquizofrenia formaram um quinto grupo. O estudo concluiu que cerca de 70 por cento do sinal genético associado à esquizofrenia também estava associado à perturbação bipolar.

“Geneticamente, verificámos que são mais semelhantes do que distintas”, disse Grotzinger.

Os resultados, publicados na revista Nature, desafiam a ideia de longa data de que as perturbações de saúde mental são, em grande medida, doenças separadas. Em vez disso, o estudo sugere que muitas são impulsionadas por processos biológicos comuns.

Ainda assim, os investigadores dizem que é cedo para alterar a forma como as perturbações são diagnosticadas.

A equipa espera que as conclusões informem futuras atualizações do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM), utilizado por profissionais de saúde mental em todo o mundo.

Este trabalho fornece a melhor evidência até à data de que pode haver situações a que estamos a dar nomes diferentes, mas que são, na realidade, impulsionadas pelos mesmos processos biológicos”, afirmou Grotzinger.

Ao identificarmos o que é partilhado entre estas perturbações, poderemos idealmente delinear estratégias para as tratar de forma diferente, sem exigir quatro comprimidos distintos ou quatro intervenções de psicoterapia separadas”, acrescentou.

Alguns fatores genéticos partilhados parecem influenciar o desenvolvimento do cérebro muito cedo, ainda antes do nascimento, enquanto outros podem ter maior peso mais tarde, na idade adulta.

Isto pode ajudar a explicar porque é que as perturbações de saúde mental frequentemente se sobrepõem.

Vacina contra o HPV: uma dose pode bastar? Estudo recente indica proteção quase total

SIC Notícias

A infeção pelo vírus do papiloma humano (HPV) continua a ser uma das principais causas evitáveis de cancro a nível global. Associado ao cancro do colo do útero, mas também a tumores da vulva, vagina, pénis, ânus e garganta, o HPV é igualmente responsável por verrugas genitais e anais.

A boa notícia é que a vacinação tem demonstrado uma eficácia elevada e um novo estudo vem reforçar ainda mais o seu potencial impacto.

Publicado no New England Journal of Medicine, um ensaio clínico de grande dimensão avaliou se uma única dose da vacina contra o HPV pode oferecer uma proteção não inferior à do esquema tradicional de duas doses.

A investigação partiu de uma constatação preocupante: apesar da eficácia comprovada das vacinas, a sua utilização continua limitada em muitos países, sobretudo por constrangimentos logísticos e de acesso.

O estudo envolveu mais de 20 mil raparigas entre os 12 e os 16 anos, distribuídas aleatoriamente para receberem uma ou duas doses de vacinas bivalentes ou nonavalentes.

O principal objetivo foi medir a ocorrência de novas infeções pelos tipos HPV16 e HPV18 - responsáveis pela maioria dos cancros associados ao vírus - entre os 12 e os 60 meses após a vacinação, com uma persistência mínima de seis meses.

Os resultados são promissores: uma única dose mostrou uma eficácia equivalente à de duas doses, em ambos os tipos de vacina. Em todos os grupos, a eficácia vacinal foi de pelo menos 97%, sem que tenham sido identificados problemas de segurança.

Estes dados reforçam a ideia de que simplificar o esquema vacinal pode ser um passo decisivo para aumentar a cobertura global e prevenir milhares de casos de cancro evitável. Uma dose pode, afinal, ser suficiente para fazer a diferença.

A vacina contra o HPV faz parte do Programa Nacional de Vacinação (PNV) desde 2008 e está disponível de forma gratuita para raparigas e para rapazes, a partir dos 10 anos, num esquema de duas doses semestrais.

Segundo dados de 2023 da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), em Portugal, a cobertura vacinal contra o HPV até aos 15 anos atingiu os 91%.

Os números indicam que 85% a 90% das pessoas sexualmente ativas já tiveram contacto com o HPV, por isso, todos os homens e mulheres sexualmente ativos não vacinados estão em risco.

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